Louvada seja a briga! E que ela revele todos os podres da extrema-direita global, alcançando também a América Latina

Trump, presidente dos Estados Unidos, e Musk, bilionário dono da Tesla e da SpaceX, foram até recentemente aliados inseparáveis. Musk chegou a integrar seu governo, como comissário do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), e teria injetado ao menos US$ 250 milhões na campanha que garantiu o retorno de Trump à Casa Branca em 2024. Agora, tudo virou pó. Trump o chama de “louco”, acusa-o de estar “sempre chapado” e flerta com a ideia de deportá-lo. Musk, por sua vez, insinua que Trump está envolvido com o escândalo Jeffrey Epstein, que montou uma rede de prostituição e pedofilia, e diz que o presidente só venceu porque ele permitiu – o que provavelmente é verdade.
A implosão dessa aliança tem consequências diretas para o mundo – especialmente para a América Latina. No nosso continente, a Internacional Fascista se expressa por meio de personagens como Jair Bolsonaro e Javier Milei. Bolsonaro, que neste momento responde a inquéritos no Brasil por ataques às instituições e pela manutenção financeira de seu filho Eduardo nos Estados Unidos, sempre se escorou na proteção simbólica e política de Trump e Musk. Ambos davam a ele blindagem ideológica e o apoio necessário para seguir com sua retórica golpista.
A guerra entre os dois bilionários, no entanto, desmancha essa proteção. Ela abre uma janela de oportunidade para que as autoridades brasileiras finalmente avancem em direção à responsabilização penal de Jair Bolsonaro, sem receio de retaliações externas. O próprio Bolsonaro, ao admitir que enviou R$ 2 milhões ao filho com o objetivo de influenciar decisões políticas norte-americanas, inclusive para impor sanções ao STF e à PF, expõe-se como financiador direto de ações contra a soberania brasileira. Ou seja: só faltam as algemas.
Mais do que isso, o colapso dessa aliança evidencia que o chamado Império americano está em decomposição – e não de forma honrada ou silenciosa, mas em meio a baixarias, insultos e chantagens, típicos da pior política. A disputa entre Trump e Musk arrasta para o pântano figuras como Steve Bannon, que também passou a atacar Musk com veemência, e desnuda o caráter grotesco dessa elite de extrema-direita que se esconde sob o manto do “patriotismo” e da “liberdade”.
Louvada seja, portanto, a briga. Que ela escancare todos os podres. Que os arquivos venham à tona, que os segredos se revelem, e que os países do Sul Global, como o Brasil, aproveitem esse momento para reafirmar sua soberania diante de uma extrema-direita global em frangalhos. A implosão de Trump e Musk é uma bênção para a democracia mundial – e as oportunidades não podem ser desperdiçadas.