Guerra comercial entre EUA e China devasta produtores de soja americanos

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Tarifas escalonam a crise no setor agrícola, enquanto Brasil ganha espaço como maior fornecedor da China

Em um cenário de guerra comercial sem precedentes na história contemporânea, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou as tensões com a China, desencadeando um impacto devastador sobre um dos pilares da economia agrícola norte-americana: os produtores de soja.

Com a China sendo o maior comprador da soja dos EUA, adquirindo cerca de US$ 15 bilhões anualmente, as recentes rodadas de retaliações tarifárias colocaram em xeque o futuro de aproximadamente 500 mil produtores, que movimentam um setor avaliado em US$ 125 bilhões, equivalente a 0,6% do PIB americano.

A escalada tarifária começou a tomar proporções alarmantes. Segundo a American Soybean Association (ASA), a China respondeu às tarifas impostas pelos EUA com uma taxa adicional de 50% sobre todas as importações americanas, somando-se ao aumento de 34% já aplicado anteriormente e aos 10% em vigor desde março.

Com a inclusão do IVA e da tarifa padrão, a taxa efetiva para a soja norte-americana no mercado chinês atinge o patamar exorbitante de 114,73%. Essa é uma situação difícil de engolir”, afirmou Caleb Ragland, presidente da ASA e produtor de soja no Kentucky, em comunicado oficial da associação. Ele destacou que o mercado chinês é crucial para os agricultores americanos, e a continuidade do embate comercial ameaça a sustentabilidade do setor.

Do outro lado do globo, o Brasil tem se beneficiado diretamente do conflito. De acordo com o Financial Times, o país ampliou sua liderança como maior fornecedor de alimentos para a China, com exportações agrícolas em alta mesmo antes das novas tarifas americanas. A soja brasileira, livre das taxas punitivas impostas aos EUA, tornou-se a escolha preferencial de Pequim, consolidando a posição do Brasil no mercado asiático.

A mais recente ofensiva comercial veio com a decisão de Trump de elevar as tarifas sobre produtos chineses em 145%, afetando todos os bens importados da China. Em retaliação, Pequim não apenas aumentou suas próprias tarifas sobre produtos americanos para 84%, mas também limitou a exportação de filmes americanos, mirando um setor cultural estratégico dos EUA. Essas medidas sinalizam que a guerra comercial está longe de um desfecho, com consequências que transcendem a economia e alcançam a geopolítica global.

Enquanto os produtores de soja americanos enfrentam incertezas, o impacto das tarifas reverbera em comunidades rurais e na cadeia de suprimentos global. A pergunta que paira é: até quando o setor agrícola dos EUA conseguirá resistir a essa tempestade comercial? Por Alan.Alex / Painel Político

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