Governo Lula negocia R$ 2,7 bilhões com banco do Brics para impulsionar infraestrutura no Brasil

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Financiamento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) visa obras do Novo PAC nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, com foco em sustentabilidade e integração regional

O governo brasileiro, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deu um passo significativo para fortalecer a infraestrutura do país ao avançar nas negociações com o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco do BRICS.

Em reunião realizada nesta quinta-feira (14), em Xangai, na China, o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes (sem partido), apresentou à presidente do NDB, Dilma Rousseff (PT), uma proposta para captação de US$ 500 milhões (aproximadamente R$ 2,7 bilhões) destinados a projetos de transporte e infraestrutura logística previstos no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O encontro, que marcou a missão brasileira à China, reforça a cooperação estratégica com o bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A carteira de projetos apresentada ao NDB foi cuidadosamente elaborada em parceria com a Secretaria Especial do PAC, vinculada à Casa Civil, e prioriza iniciativas nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, com financiamento via Fundos de Desenvolvimento Regional. Entre os empreendimentos destacados estão concessões rodoviárias, terminais ferroviários — como a Transnordestina, a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) —, além de investimentos em hidrovias e portos.

O foco na Amazônia reflete o compromisso do governo com a sustentabilidade e a transição energética, alinhando-se às diretrizes do NDB, que prioriza projetos de transformação ecológica.“Acreditamos que esses projetos respondem a desafios estruturais e contribuirão para ampliar a inclusão territorial, a segurança hídrica e a infraestrutura”, declarou o ministro Waldez Góes, destacando a solidez da parceria com o Banco do BRICS.

Dilma Rousseff, por sua vez, reforçou a importância de iniciativas que promovam uma transição energética justa. “Estamos discutindo, fundamentalmente, como levar infraestrutura logística, portos, terminais e rodovias para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, garantindo uma transição energética justa com a adoção de fontes alternativas de energia, inclusive com o uso de biocombustíveis, e cidades inteligentes”, afirmou a presidente do NDB.

A estratégia de captação de recursos, liderada pela Secretaria Nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros, sob o comando de Eduardo Tavares, também envolve negociações com outros organismos multilaterais, como a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial (BM). Juntas, essas tratativas somam US$ 1,833 bilhão, com o objetivo de impulsionar projetos estruturantes que integrem a economia brasileira a cadeias globais de valor, especialmente na Amazônia, e promovam o crescimento sustentável.

A seleção dos projetos mais estratégicos está prevista para ser concluída até o segundo semestre de 2025, alinhando-se à agenda da COP30, que será realizada no Brasil. Eduardo Tavares destacou o trabalho conjunto com a Casa Civil para identificar iniciativas elegíveis dentro das diretrizes do NDB. “Foi importante identificar a oportunidade dos aportes nos Fundos de Desenvolvimento como uma estratégia para fomentar o PAC”, explicou o secretário. A iniciativa também fortalece as relações bilaterais com a China, ampliando oportunidades de investimento em infraestrutura, desenvolvimento regional e inovação.

Além do financiamento de US$ 500 milhões do NDB, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já captou R$ 8,5 bilhões com o Banco do BRICS em dezembro de 2023, sendo US$ 500 milhões para projetos de combate às mudanças climáticas e US$ 1,2 bilhão para infraestrutura sustentável. Esses recursos reforçam a capacidade do Brasil de financiar projetos de energia renovável, saneamento, mobilidade urbana e tecnologias da informação, com prazos de até 24 anos para pagamento.

A parceria com o NDB, criado em 2014 durante a VI Cúpula do BRICS em Fortaleza, consolida o Brasil como um ator relevante no financiamento de projetos de desenvolvimento sustentável no Sul Global. Com um capital autorizado de US$ 100 bilhões e uma carteira ativa de US$ 5 bilhões em projetos no Brasil, o banco presidido por Dilma Rousseff (cujo mandato se encerra em julho de 2025) destaca-se por sua governança igualitária e ausência de condicionalidades políticas, diferentemente de instituições como o FMI e o Banco Mundial. Por Alan.Alex / Painel Político

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