Fraude: bebida com etanol para carro era vendida como cachaça

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Polícia apresenta embalagens apreendidas no galpão onde ocorria a fraude

Nos imóveis, um homem suspeito de adulteração e falsificação de bebidas foi preso em flagrante. O “empresário”, segundo as investigações, produzia e comercializava uma bebida à base de etanol combustível – o mesmo usado em automóveis.

Água, adoçante industrial e serragem eram os outros ingredientes da bebida falsificada.

O empresário de 40 anos, que a Polícia não identificou ainda – mas que, segundo algumas fontes, atende por Edson –, tinha uma produção industrial, segundo a investigação. Um dos galpões contava com bombonas e um estoque superior a 60 mil litros de etanol, que poderiam gerar cerca de 120 mil litros da bebida falsificada. O material ainda não foi periciado, mas foram apreendidas no local notas fiscais de compra de etanol veicular.

No outro galpão, onde era feito o envasamento, ao crime de adulteração se juntava o de falsificação, já que os fraudadores usavam o nome de uma marca tradicional de Salinas – Valiosa – na comercialização do produto.

O etanol desdobrado travestido de cachaça era vendido em embalagens do tipo “barrigudinha” ou “corotinho” de 500 ml com pelo menos dois nomes: Valiosa e Barrilzinho. Em marketplaces, elas podiam ser encontradas por preços em torno de R$ 1,40 a unidade. Eram distribuídas em pelo menos dois estados – Minas Gerais e Rio de Janeiro – e também oferecidas em redes sociais.

O fiscal agropecuário do IMA Lucas Guimarães, que participou da ação de fiscalização da fraude na proução de cachaça, disse que a “cachaça” produzida em Contagem continha alto índice de enxofre e que o processo de aditivação pelo qual passava poderia gerar quantidades potencialmente perigosas de metanol.

O metanol é produto que, em quantidades excessivas, pode causar danos como cegueira e até levar a morte.

De toda maneira, como todas as bebidas produzidas sem a devida regularização junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a barrigudinha de Contagem não obedecia a quaisquer dos padrões sanitários e de qualidade determinados pela legislação.

Para ser comercializada de forma legal, toda bebida produzida no Brasil precisa ser registrada junto ao Mapa. O Mapa – ou, no caso mineiro, o IMA, que tem convênio com o órgão federal – só autoriza a produção após o cumprimento de uma série de requisitos e se encarrega da fiscalização regular dos estabelecimentos.

A primeira medida de segurança na compra de qualquer bebida produzida no país é verificar no contrarrótulo dela consta o número de registro do Mapa. As barrigudinhas de Contagem, obviamente, não têm. Fone: Devotos da Cachaça