Evento celebra saberes ancestrais com literatura, arte e encontros entre gerações no coração da Aldeia Xandó
A partir desta terça-feira (2), a Aldeia Xandó, no Território Indígena Barra Velha, vizinha à Vila de Caraíva, em Porto Seguro (BA), se transforma em ponto de encontro da literatura indígena com a abertura da 4ª edição do Festival Caju de Leitores. Com o tema “A Voz da Terra”, o evento segue até o dia 5 de setembro, reunindo autores, educadores e lideranças de diversas regiões do País em atividades gratuitas e abertas ao público, das 9h às 18h.
Neste ano, o festival inaugura dois palcos: Maria Coruja e Cacique Sabará. Os nomes são homenagens vivas a duas figuras importantes na história do povo Pataxó. Maria Coruja, anciã e matriarca do samba indígena, é guardiã de cantigas de roda e saberes espirituais. Já Sabará foi um dos primeiros caciques da Aldeia Xandó, reconhecido por sua atuação na preservação das tradições e na transmissão dos conhecimentos ancestrais.
Ambos estarão presentes na programação: Sabará participa do encontro Vozes Indígenas, enquanto Maria Coruja conduz uma sessão especial de cantigas ancestrais. “Queríamos que os palcos fossem mais do que estruturas físicas, que fossem espaços de memória, escuta e celebração”, afirma Joanna Savaglia, coordenadora do festival.
Encontros
O encontro Vozes Indígenas é um dos momentos mais aguardados. Voltado para estudantes do ensino médio, promove o diálogo entre jovens leitores e lideranças como Yamalui Kuikuro, Marcos Terena e o próprio Sabará, que compartilham suas trajetórias e reflexões sobre identidade, território e literatura.
A produção literária indígena também ganha destaque com o lançamento de oito obras. Entre elas, a Coleção Biografias Ancestrais, da Terra Redonda Editora, estreia com A saga do Cacique Galdino e seu povo Pataxó Hãhãhãe e João de Barro, ambas de Thyrry Yatso, além de Memórias de Caraíva, de Valdemy Sisnande Vieira. Também serão lançados Histórias de Mãe Joana, de Sairi Pataxó, Saberes Indígenas: considerações ancestrais para o futuro da Educação Infantil, organizado por Auritha Tabajara, Claudia Castilho e Kathia Castilho, entre outros títulos inéditos.
“Teremos diversos autores com seus livros sendo lançados aqui no Caju. Isso mostra a força que o festival tem conquistado junto aos indígenas escritores de todo o Brasil”, afirma Sairi Pataxó, anfitrião do evento.
A programação inclui ainda seis rodas de conversa sobre línguas indígenas, presença feminina na literatura, biografias como instrumento de memória ancestral e o papel da arte na luta por território e identidade. A agenda cultural traz exposição do artista Valdemy Sisnande, sarau “Poesia como terapia”, teatro com a companhia Livro Aberto e o projeto Lixo é Luxo, da multiartista Maria Rios.
Calendário
Com o festival integrado ao calendário educacional de Porto Seguro, cerca de 70 estudantes, incluindo universitários da UFSB, estarão hospedados na Escola Indígena Pataxó Xandó, fortalecendo o intercâmbio entre saberes e territórios.O Festival Caju de Leitores é uma realização da Savá Cultural, com apoio do Ministério da Cultura e do Governo Federal. Conta com patrocínio via Lei Rouanet da Neoenergia Coelba, Instituto Neoenergia e Itaú Unibanco; e com patrocínio da Secretaria Municipal de Turismo de Porto Seguro, por meio da Superintendência de Cultura. Tem ainda parceria acadêmica da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e reúne uma rede de parceiros locais, incluindo pousadas, comércios, instituições comunitárias e escolas da região.
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