Por Henrique Matthiesen*
Nada mais deprimente do que assistir o nível da classe política contemporânea: rasa, ignorante, parva e ignóbil, dentre outros adjetivos.
Fenômeno este que atinge todo o mundo e que demonstra o retrocesso civilizatório pelo qual passa a humanidade.
A transformação do exercício político em “espetáculo” – muitas das vezes grotesco e de baixo nível – é a decorrência da escravização dos likes e da lacração impostos pelas redes sociais à sociedade.
O vulgar, o embuste, a incultura a desinformação, a deserudição e a agressividade são as regras e não as exceções da ascensão meteórica de “imbecis” à arena política.
Estes lacradores são incapazes de conjugar mais de um verbo, ou simplesmente organizar um raciocínio linear coerente; projetos, então, são um verdadeiro suplício. Desprezam as experiências pretéritas, desconhecem a historicidade das instituições, debocham dos exemplos, e são soberbos de sua estupidez; porém são ligeiros na prática do parlapatão, do charlatanismo e do engodo.
Neste cenário está em extinção o grande orador, o conhecimento, o debate profícuo e respeitável, o exercício saudável do contraditório baseado em visões de sociedade.
Substituímos o conhecimento pela ignorância, o decoro pela descompostura, a oratório pela linguagem vulgar, os princípios iluministas pelo obscurantismo, a verdade pela fake news, a cortesia pela boçalidade, a ideia pelo vazio, a seriedade pela molecagem.
Isso tudo sob os holofotes da imbecilização da sociedade que compartilha, aplaude e viraliza os horrores ruinosos dos lacradores.
A questão é que a política define os rumos da sociedade, decide sobre a vida da coletividade, ou seja, por mais que se negue ou se criminalize é uma função essencial para sociedade.
O exercício da política sem o mínimo de erudição, ou simplesmente, à mercê fútil e grotesca dos likes condena irreversivelmente nosso presente e nosso futuro, afinal não podemos almejar um presente ou um futuro melhor se somos representados ou dirigidos por imbecis ignorantes, escravos dos likes e da deserudição, afinal falta erudição.
*Henrique Matthiesen é Formando em Direito e Pós-graduado em Sociologia