Execução de advogada criminalista com 20 tiros em Belo Horizonte choca a comunidade jurídica

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“Em Guerra”: O desabafo de Kamila Cristina que precede tragédia em plena luz do dia

A manhã de segunda-feira (22 de setembro de 2025) em Belo Horizonte foi marcada por um crime brutal que abalou não apenas a cidade, mas toda a classe jurídica brasileira. Kamila Cristina Rodrigues dos Santos, advogada criminalista de 32 anos, foi executada a tiros na Rua Otaviano Fabri, no bairro Ermelinda, Zona Noroeste da capital mineira.

O ataque, registrado por câmeras de segurança, mostra um homem descendo de um veículo Kia Cerato prata, com vidros escuros, e efetuando cerca de 20 disparos contra a vítima, que caiu ao solo próximo a um Fiat Fiorino amarelo usado para entregas. O atirador recolheu um objeto caído – possivelmente o celular da advogada – antes de fugir no sentido da Marginal do Anel Rodoviário.

Kamila, moradora de Belo Horizonte, era uma profissional dedicada, atuando desde 2019 nas áreas de Direito Civil, de Família, Trabalhista e Criminal. Formada pela Escola Superior Dom Helder Câmara, possuía pós-graduação em Direito Processual Civil pela Faculdade Líbano e era mestranda em Direito pela Fundação Universitária Iberoamericana (FUNIBER). Além da advocacia, ela colaborava na distribuidora de bebidas do namorado, um representante comercial de uma cervejaria, o que explicava a presença do furgão de entregas no momento do crime.

Nas redes sociais, onde mantinha um perfil com quase 2 mil seguidores e cerca de 40 publicações, Kamila se apresentava com simplicidade e fé. Sua biografia, ilustrada por emojis representando a advocacia, destacava a graduação em andamento em Ciências Contábeis e a frase “Que minha fé prevaleça.”. Ela compartilhava experiências profissionais, afirmando: “Tenho experiência prática na condução de processos, atendimento ao cliente, elaboração de peças, acompanhamento de audiências e resolução de conflitos.”.

Horas antes da execução, no entanto, um vídeo postado por ela nas redes sociais revelou um tom de alerta e desabafo. Em tom reflexivo, Kamila declarava estar “em guerra” e que “iria agir”, sugerindo conflitos pessoais ou profissionais que ainda não foram detalhados publicamente. O conteúdo, que viralizou após o crime, tem sido analisado pela polícia como possível pista para a motivação do ataque.

A investigação em andamento: Hipóteses e elementos coletados

A Polícia Civil de Minas Gerais, por meio de nota oficial, informou que o caso está sob responsabilidade do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Equipes de perícia e investigadores estiveram no local para coletar cápsulas de munição – pelo menos dez foram encontradas – e outros vestígios. O corpo de Kamila foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) para necropsia, e o celular da vítima foi localizado a cerca de 8 km do crime, o que pode auxiliar na reconstrução dos eventos.

Até o momento, a autoria e a motivação permanecem desconhecidas, mas fontes policiais apontam hipóteses iniciais, como insatisfação de um cliente com serviços advocatícios ou envolvimento de um ex-marido, descrito como ex-presidiário. Não há prisões, e as equipes buscam identificar o veículo usado na fuga por meio de imagens de câmeras de trânsito próximas.

O crime, ocorrido por volta das 7h, em plena luz do dia, reforça preocupações com a segurança pública em áreas urbanas de Belo Horizonte. Vídeos do momento exato circulam amplamente nas redes sociais, gerando comoção e debates sobre violência contra profissionais do Direito.

Repúdio da OAB-MG: Cobrança por proteção e Justiça

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Minas Gerais (OAB-MG) reagiu com veemência ao assassinato. Em nota oficial, a entidade classificou o episódio como uma “afronta à classe e ao Estado Democrático de Direito” e um “ataque covarde“. O presidente da OAB-MG, Gustavo Chalfun, determinou a criação de uma comissão especial para acompanhar o inquérito policial e cobrar a responsabilização dos envolvidos. “Exigimos punições mais severas e condições reais de proteção para quem defende direitos, garantias e a justiça. Pela memória de Kamila e pela dignidade da profissão, seguiremos firmes. Unidos, por uma advocacia forte, presente e respeitada“, declarou Chalfun.

A OAB-MG também defendeu medidas urgentes, como a ampliação de protocolos de segurança para advogados e a aprovação de projetos de lei que classifiquem crimes contra a categoria como hediondos. O velório de Kamila está marcado para esta terça-feira (23), no Cemitério da Paz, bairro Caiçara, região Noroeste de Belo Horizonte, onde amigos, familiares e colegas devem prestar últimas homenagens.

Este trágico episódio não é isolado: em 2025, já foram registrados casos semelhantes em outras regiões do país, destacando a vulnerabilidade de profissionais que lidam com causas sensíveis, como o Direito Criminal. A sociedade mineira e o meio jurídico aguardam respostas rápidas das autoridades para que a justiça prevaleça, honrando a memória de Kamila, cuja fé e dedicação inspiravam tantos. Por Alan.Alex / Painel Político

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