Ex-PM é condenado a 16 Anos por assassinato de jovem algemado em delegacia com mais de 10 tiros

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Crime brutal iniciado em uma festa e consumado dentro de uma delegacia: decisão do júri expõe falhas na corporação e clama por responsabilidade na segurança pública. Você acha que a pena é suficiente?

Jovem foi assassinado a tiros por policial dentro de delegacia em Camocim. Foto: Arquivo pessoal.

O julgamento de um dos casos mais impactantes de violência policial no interior do Ceará chegou ao fim na madrugada de 25 de novembro de 2025, com a condenação de um ex-policial militar a uma pena severa por homicídio qualificado. George Tarick Vasconcelos de Oliveira, que atuava na Polícia Militar do Ceará (PMCE), foi sentenciado a 16 anos e 7 meses de prisão em regime fechado pelo assassinato de Matheus Silva Cruz, um jovem de 19 anos, ocorrido em fevereiro de 2022 na cidade de Camocim.

O júri popular, realizado na 3ª Vara Criminal de Fortaleza, deliberou por quase 13 horas após o início do processo na segunda-feira (24). A condenação foi por homicídio triplamente qualificado: por motivo fútil, por meio cruel e com recurso que impossibilitou a defesa da vítima. De acordo com as investigações conduzidas pela Polícia Civil do Ceará, o crime teve origem em um desentendimento no estacionamento de uma boate durante uma festa na noite de 12 de fevereiro de 2022. Matheus Silva Cruz, que trabalhava como tosador e entregador em um pet shop de propriedade de seu pai e não possuía antecedentes criminais, discutiu com George Tarick, então lotado no Batalhão de Choque (BPChoque) da PMCE e de folga no momento. Imagens de câmeras de segurança capturaram a perseguição: Matheus foi imobilizado por policiais, incluindo o acusado, e levado em uma viatura para a Delegacia Regional de Camocim. Lá, ainda algemado, ele foi alvejado com mais de 10 tiros pela arma de fogo de George Tarick, que invadiu o prédio policial para consumar o ato. O laudo pericial confirmou a crueldade do crime, com disparos em diversas partes do corpo, incluindo região letal.

Em seu depoimento durante o julgamento, o réu admitiu o ato, declarando que atirou contra a vítima _ “em um momento de fúria, levado por violenta emoção” _. A defesa argumentou tentativa de redução de pena por semi-imputabilidade, mas o júri rejeitou a tese, priorizando as agravantes. George Tarick foi preso em flagrante logo após o crime e, em 2023, demitido da corporação por meio de processo administrativo disciplinar, com a decisão publicada no Diário Oficial do Estado do Ceará em 1º de dezembro daquele ano.

O caso ganhou repercussão nacional e local, expondo questões sobre o uso indevido de autoridade por agentes de segurança. Além do principal acusado, outros 11 policiais militares que estavam de serviço na data do crime foram investigados pela Controladoria Geral de Disciplina (CGD) da PMCE. Desses, oito foram absolvidos por falta de provas de conivência direta, enquanto três receberam punição administrativa de cinco dias de permanência disciplinar no quartel, por omissão no controle da situação. A família de Matheus Silva Cruz, representada por advogados do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (NUDD) da Defensoria Pública do Estado do Ceará, celebrou a sentença como um passo para a justiça, embora exija reformas na formação policial para prevenir abusos.

Buscas em redes sociais e portais de notícias, como o G1 Ceará e o portal Camocim Online, revelam que o julgamento foi acompanhado por dezenas de manifestantes em frente ao Fórum de Fortaleza, com faixas pedindo “Justiça por Matheus” e críticas à impunidade em casos de violência estatal. Postagens recentes no X (antigo Twitter) destacam o alívio da comunidade de Camocim, uma cidade de cerca de 65 mil habitantes no litoral oeste cearense, onde o crime abalou a confiança na segurança pública. Não há indícios de apelações imediatas anunciadas pela defesa até o momento da publicação desta reportagem, mas o processo segue aberto para recursos no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE).

Este episódio reforça debates nacionais sobre a responsabilidade de forças policiais, especialmente após relatórios do Observatório Nacional de Relações de Polícia e Direitos Humanos (ONRPDH), que registram aumento de 15% em denúncias de letalidade policial no Nordeste entre 2021 e 2023 – dados verificados em publicações oficiais da entidade. A condenação de George Tarick serve como precedente, mas especialistas consultados em coberturas jornalísticas enfatizam a necessidade de políticas preventivas para mitigar “momentos de fúria” em contextos de alta tensão. Por Alan.Alex / Painel Político

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