Estradas fechadas, helicópteros e buscas na mata: como funciona o cerco policial contra ‘psicopata’ foragido

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Esta quarta-feira é o oitavo dia de buscas por Lázaro Barbosa Sousa, de 33 anos, identificado pelas polícias civis do Distrito Federal e de Goiás como o autor de uma chacina em Ceilândia, onde uma família foi morta no último dia 9. Integram a operação para localizá-lo cerca de 300 agentes das forças de segurança de ambas regiões. Segundo Rodney Miranda, secretário de Segurança Pública de Goiás, uma série de medidas foram tomadas visando a não apenas prender o criminoso mas como também evitar que mais vítimas sejam feitas.

— Cercamos toda a região, com policiais civis, militares e rodoviários federais, fechamos as rodovias de acesso, estamos colocando policiais, alguns à paisana, em chácaras e residências, tendo moradores ou não. Amanhã ao amanhecer vamos adentrar na mata para buscá-lo — disse Miranda em coletiva na noite desta terça-feira, quando Lázaro fez um casal e a filha deles reféns.

A força-tarefa montada pelas secretarias de Segurança Pública de Goiás e do DF tem base no município de Cocalzinho, em Goiás. O grupo conta com equipes da Polícia Militar (PMDF), da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Polícia Federal (PF) e da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), além de reforço da cavalaria. São usados cães farejadores, três helicópteros e drones. Agentes fazem buscas em estradas e param carros para revistá-los.

Como Lázaro se esconde na zona rural, a concentração policial é realizada na área de mata, incluindo buscas em rios, local para onde o criminoso costuma levar as vítimas. O casal e a adolescente feitos reféns nesta terça-feira foram encontrados à beira de um riacho. Segundo o secretário, o suspeito agiu conforme seu modus operandi.

— Ele leva para a beira do rio, vocês já sabem disso, manda tirar a roupa e alguns ele acaba matando. Acho que esse seria o destino dessa família até porque ele percebeu que a menina pediu socorro — afirmou.

Ao EXTRA, Miranda esclareceu que a investigação ainda não pode dizer se os crimes são equivalentes a rituais macabros ou assassinatos.

— O que comparamos é o modus operandi do indivíduo, em relação aos outros casos. Capturar e levar pra beira de um rio. Por isso, nossas equipes centraram buscas nas margens do rio próximo à casa e acabaram por salvar a vida da família — disse.

Miranda alertou a população para o fato de que o criminoso costuma sair da mata durante a noite para dormir em alguma chácara. Para os investigadores, o motivo dessa movimentação é a busca por alimentos.

— Geralmente ele sai atrás de comida, foi o que aconteceu (na segunda-feira) com o caseiro, quando começa a escurecer ele sai — frisou o secretário.

Na noite desta segunda-feira, a polícia recebeu a informação de uma nova troca de tiros envolvendo o suspeito e um fazendeiro em Edilândia, povoado rural em Cocalzinho.

Miranda destacou que uma visita policial à casa da família na segunda-feira foi fundamental. O secretário trocou contato com os moradores e, quando a adolescente percebeu a invasão, conseguiu enviar a tempo uma mensagem pedindo socorro.

— Ele usou o mesmo modus operandi de sempre. Só que, antes de realizar qualquer tipo de ritual, nossa polícia chegou e salvou os três — relatou o secretário. — Os policiais salvaram a vida dessa família. Se não tivessem chegado, poderia ter acontecido o pior, como aconteceu com outras famílias infelizmente.

Durante o resgate dos reféns, houve mais um confronto e um policial militar de Goiás foi baleado de raspão. Ele foi socorrido e passa bem.

Além das cinco mortes no Distrito Federal, Lázaro responde por outros dois assassinatos na Bahia.

Quarta-Feira, dia 9 de junho: Lazáro invade a chácara de Cláudio Vidal e mata ele e seus filhos, em uma ação que dura cerca de 10 minutos. No momento da fuga, faz Cleonice Marques, de 43 anos, mulher de Cláudio, refém e a sequestra. Logo após a entrada do bandido na casa, ela teria feito uma ligação para seu irmão pedindo por socorro. Sua família chega momentos depois, mas encontra apenas os corpos de Cláudio e seus filhos.

Quinta-feira, dia 10 de junho: Na parte da manhã, Lazáro Barbosa teria invadido outra residência apenas três quilômetros de distância da chácara da família de Cláudio e Cleonice. Ele teria mantido a dona da casa, Sílvia Campos, de 40 anos, e o caseiro, Anderson, de 18, sob a mira de sua arma durante três horas e os obrigado a fumar maconha. Ele teria roubado cerca de R$ 200 e celulares antes de deixar a residência. Cleonice continua desaparecida.

Sexta-feira, dia 11 de junho: Lazáro é suspeito de roubar um carro e fazer mais um refém. Ele teria deixado Ceilândia e ido para Cocalzinho, em Goiás. Lá, incendeia o veículo. A polícia acredita que ele pode ter contado com a ajuda de um comparsa nesse momento. As buscas por Cleonice continuam.

Sábado, dia 12 de junho: O corpo de Cleonice é encontrado em um córrego próximo ao Sol Nascente. Enquanto isso, Lázaro teria invadido uma residência nos arredores de Lagoa Samuel, onde teria ingerido bebidas alcoólicas, feito o caseiro refém e destruído o seu carro. Horas depois, ele teria invadido outra chácara, atirado em três homens e roubado armas de fogo. À noite, teria incendiado uma casa em Cocalzinho. Alguns relatos afirmam que ele teria trocado tiros com a polícia, informação que não foi confirmada pelo secretário de Segurança Pública de Goiás. Os três homens baleados foram levados a um hospital. Dois encontram-se em estado grave.

Domingo, dia 13 de junho: Lazáro invade uma casa por volta das 15h. A residência estaria vazia naquele momento. O criminoso teria roubado um carro Corsa vermelho. Aproximadamente às 18h30, o veículo teria sido abandonado em uma rodovia, a 30 quilômetros da residência invadida mais cedo. Acredita-se que Lázaro tenha avistado um bloqueio policial e decidiu fugir para o mato. Dentro do carro, a polícia encontrou um carregador de munição. De acordo com a Polícia Militar de Goiás, o suspeito teria chegado a trocar tiros com a polícia antes de fugir para um matagal.

Segunda-feira, dia 14 de junho: Lázaro troca tiros com um fazendeiro na região de Edilândia. Policiais civis e militares fecham o cerco, mas não efetuam a prisão do suspeito. Foi levantada a hipótese de o autor da chacina ter ficado ferido.

Terça-feira, dia 15 de junho: Uma família é feita refém por Lázaro na zona rural de Edilândia. Segundo Rodney Miranda, secretário de Segurança Pública de Goiás, ele utilizou o mesmo modus operandi e levou o casal dono da propriedade e a filha adolescente deles para a beira de um rio. A menina conseguiu, porém, mandar uma mensagem para o celular de um policial que visitou a casa das vítimas no dia anterior. As equipes foram até o local e houve confronto com o criminoso. Os reféns foram salvos, mas um policial acabou sendo baleado de raspão. Ele recebeu atendimento e passa bem. Lázaro conseguiu fugir. Fonte: Extra / Yahoo Notícias