Os estalos normais e naturais e também os provocados com frequência ocorrem em certas articulações do corpo
Parte 1 – Esses ruídos atingem, na verdade, os pontos de encontro entre dois ossos que conhecemos como articulação, os quais, por sua vez, são mantidos presos por tecidos como cápsulas, ligamentos, cartilagens e tendões.
Afinal, o que sabemos sobre os benefícios e malefícios desse comportamento ruidoso que ocorre nas articulações do corpo?
Estalar os dedos, ombros, pé, tornozelos e o pescoço são hábitos comuns e promovem alívio para muitas pessoas. O ato de estalar não faz mal, quando ocorre ocasionalmente ou espontaneamente, mas, quando repetido com frequência e com força na articulação estressam consideravelmente os tendões, cápsulas, cartilagens e ligamentos.
Estalar com frequência a articulação aumenta a produção de líquidos internos, que pode levar ao engrossamento, lesão, dor e diminuição do movimento articular.
O estresse contínuo nos músculos e articulações pode acelerar as manifestações degenerativas normais e naturais que ocorrem nessa região. Se você sente a necessidade de estalar verifique se ela é motivada pelo desconforto ou dor, manifestação característica de uma disfunção que ocorre nas articulações.
O motivo oculto que provoca alívio na articulação após o estalo
Muitas vezes os estalos provocados ocorrem na tentativa de aliviar algo que esteja bloqueado e provocando algum estresse, desconforto e dor nos músculos e articulações. O que se quer saber é se essas repetições diárias e por anos podem comprometer a saúde das articulações, bem como, se existe risco de provocar incapacidade funcional e dolorosa futuramente nos músculos e articulações.
O que dizem os estudos sobre o ato de estalar
– Em 1988, Mierau et al (Mierau D, Cassidy JD, Bowen V, Dupuis P, Noftall F. Manipulation and mobilization of the third metacarpophalangeal joint: a quantitative radiographic and range of motion study. Manual Med 1988; 3:135-40.) descobriram que as articulações após o estalo apresentavam uma escala significativamente maior de movimento. Isso indica que o fenômeno sonoro é associado a pelo menos um aumento temporário na amplitude de movimento de uma articulação.
– O trabalho de Haines e Roston ficou esquecido por 25 anos, até que em 1972, Unsworth e colaboradores, publicaram um trabalho sobre os gases no interior da articulação após o estalo audível (Unsworth A, Dowson D, Wright V. Cracking joints: a bioengineering study of cavitation in the metacarpophalangeal joint. Ann Rheum Dis 1972; 30:348-58). Assim como Haines e Roston, eles também observaram que o grau de afastamento articular também aumentava muito após o estalo. Eles verificaram que antes do estalo, o espaço intra-articular era de 0,98 mm, e que imediatamente após o crack o espaço articular aumentava para 2,50 mm. Cinco minutos mais tarde, o espaço intra-articular era de 1,40 mm; e 15 minutos depois, o espaço havia retornado à distância de 0,98 mm. Continua.
Dr. Abnel Alecrim, Fisioterapia, Campinas, SP.