Estado da alma após a desencarnação

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1ª parte – Verificamos nos relatos da Revista Espírita diversos casos de comunicações com Espíritos que acabavam de desencarnar1, tal período (entre a desencarnação e a evocação) possuía duração relativamente curta, chegando, até mesmo, a poucos dias. Fato curioso para o senso que se apresenta na nossa década atual. Mediante os relatos do Espírito André Luiz pareceria comum que grande parte dos desencarnados se achasse em estado de confusão por longos anos. Entretanto, analisamos não haver divergências entre os dois relatos, vemos em ambos os casos particularidades que expressam o funcionamento do mundo espírita. A comunicação mediúnica não atesta, por parte do espírito, se encontrar em região diferente do umbral, pois alguns relatam a Kardec desconhecer onde estavam quando evocados, além disso, André já notava que não pertencia ao plano corporal e já traçava reflexões acerca das necessidades religiosas2. A perplexidade que nos causa é a relativa felicidade apresentada por diversos Espíritos que haviam se dedicado aos desenvolvimentos científicos da época em detrimento do próprio desenvolvimento moral, alguns chegando a reconhecer esse fato3. Indagamos por isso: a prática do bem não seria o elemento basilar para a felicidade na vida futura? Contudo, tal dúvida nos pareceu, pouco-a-pouco, infundada. Primeiramente temos que considerar que, em se tratando de prática no bem, pouco sabemos sobre os limites da benevolência, ela pode, portanto, ser muito bem compreendida no auxílio à humanidade por meio de descobertas científicas que venham a melhorar a qualidade de vida desta. Segundamente, e talvez o fator mais importante que identificamos, é que a qualidade da vida espiritual está intimamente ligada ao desprendimento da matéria por parte do espírito, nisso identificamos senão o desprendimento das paixões que alimentamos mediante as sensações que a matéria nos impõem (a exemplo da gula, preguiça, sexualidade desregulada, entre outros). Por consequência, entenderemos o motivo de Espíritos ligados as ciências, como a exemplo de Arago, possuírem uma relativa felicidade, mesmo não tendo se dedicado a assistência dos mais necessitados enquanto encarnados, pois, através do desenvolvimento das ideias, suas vidas na Terra não se circunscreviam ao deleite das paixões materializadas, mas sim, voltavam-se a pesquisa e as elaborações filosóficas, ambas imateriais e características do Espírito humano, distanciando-os da animalidade. Podemos entrever, portanto, que grande parte da população, por se encontrar ainda em delicadas situações, não se dedica nem a desmaterialização pelo amor, nem a desmaterialização pela instrução. Continua.
Muita Paz!
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