Morte do taxista foi encomendada por R$ 3 mil
Itamaraju – Preso no estado do Rio de Janeiro e transferido para a carceragem da Delegacia da Polícia Civil de Itamaraju, o ex-policial militar Paulo Sérgio Carmo Pereira, o “Paulinho”, de 37 anos, acusado de encomendar a morte do taxista Maurílio Carvalho de Oliveira, de 64 anos, que na época morava na Rua Adonias de Araújo, 155, bairro Jerusalém, em Teixeira de Freitas, e fora morto a pauladas no dia 9 de abril de 2009, no município do Prado. O taxista foi visto pela última vez por volta das 15h30min de quinta-feira do dia 9 de abril, quando havia recebido um telefonema de um cliente conhecido e teria dito a um colega de trabalho do ponto de apoio da São Geraldo, localizado no trevo de acesso à cidade de Teixeira de Freitas, que iria ao Prado fazer uma corrida.

Só na manhã da quarta-feira, dia 15 de abril de 2009, o carro do taxista, um Volkswagen Gol 2007/2008 foi encontrado abandonado e intacto nos pertences de um sítio na comunidade do Tombador, a 5 km de Itamaraju, entretanto, em território do município de Prado.
Os matadores Valquires dos Santos Souza, o “Jhonny”, 21 anos, e Vilson dos Santos Martins, o “Cheiro”, 30 anos na época, Após detidos, apontaram o ex-policial militar Paulo Sérgio Carmo Pereira como mandante da execução. Veja a seguir matéria correlata sobre o episódio.
Arquivo Alerta de 19 de abril/2009
Ex-militar encomendou morte do taxista por R$ 3 mil
Teixeira de Freitas – O grupo tático “Força de Reação”, da equipe do delegado-coordenador Nélis Araújo, da 8.ª Coordenadoria Regional da Polícia Civil, em Teixeira de Freitas, conseguiu desvendar num curto espaço de tempo o desaparecimento e consequente assassinato do taxista Maurílio Carvalho de Oliveira, de 64 anos, que morava na Rua Adonias de Araújo, 155, no bairro Jerusalém, em Teixeira de Freitas.
Maurílio Carvalho havia sido visto pela última vez por volta das 15h30min de quinta-feira de 9 de abril, quando havia recebido um telefonema de um cliente conhecido, tendo dito a um colega da Praça do Ponto de Apoio da São Geraldo, onde trabalhava, no trevo de Teixeira de Freitas, que iria à cidade do Prado fazer uma corrida.
Em razão de o taxista não ter retornado da dita viagem, sua filha Leila Carvalho de Oliveira registrou queixa de seu desaparecimento na sede da 8.ª Coorpin na segunda-feira, dia 13 de abril, comunicando o fato assim como o fez em outras delegacias da Região próximas ao município de Prado.
Nas diligências em andamento, o veículo Gol foi localizado por familiares da vítima numa região denominada “Tombador”, que fica na divisa dos municípios de Prado e Itamaraju.
Nas investigações seguintes, os policiais descobriram que quem havia abandonado o veículo naquela localidade havia sido um indivíduo identificado como Vilson dos Santos Martins, que ao ser localizado confessou o assassinato do taxista Maurílio Carvalho de Oliveira, de 64 anos, em companhia de Valquires dos Santos Souza, o “Jhonys”, por encomenda do ex-policial militar Paulo Sérgio do Carmo Pereira, o “Paulinho”.
Prisão dos homicidas
As identidades dos homicidas foram reveladas pela Polícia Civil: Valquires dos Santos Souza, o “Jhonys”, de 21 anos, natural de Itamaraju, morador da Avenida Novo Prado, 93, no bairro São Braz, em Prado. E Vilson dos Santos Martins, o “Cheiro”, de 30 anos, natural de Prado, morador da Rua Chile, 13, no bairro Jucuruçu, também na cidade do Prado. Este último cumpria pena no regime semiaberto, mas desde o dia 23 de dezembro de 2008, quando saiu para trabalhar, não havia retornado ao Conjunto Penal de Teixeira de Freitas, onde estava preso há 6 anos por uma condenação de 10, por ter cometido várias modalidades de crimes, como roubo, furto, tentativa de homicídio e estelionato na comarca de Prado.
O delegado-coordenador Nélis Araújo, em entrevista coletiva à imprensa, disse que os dois acusados confessaram de imediato o crime logo após suas prisões. Eles também revelaram toda a trama do assassinato, além de informar o local onde estava o corpo do taxista, que foi assassinado a pauladas ao entardecer do dia 9 de abril, numa localidade próxima à Praia do Farol, na estrada do “Tororão”, em Prado.
A trama revelada pelo homicida “Cheiro”
Embora tenha se negado a revelar qualquer coisa durante a coletiva com a imprensa, o presidiário Vilson dos Santos Martins, o “Cheiro”, foi quem passou todas as informações do assassinato do taxista de 64 anos aos delegado Nélis Araújo e Marcus Vinícius. No entanto, ele chegou a trocar ameaças com o seu comparsa “Jhonys”. “Conta a verdade, porque lá dentro do presídio a coisa é diferente”, ameaçou.
“Cheiro” revelou que matou a mando do ex-policial “Paulinho”
Vilson dos Santos contou que conheceu o mandante do crime pouco tempo antes de fugir do Presídio.
“Conheci o ‘Paulinho’ dentro do Conjunto Penal de Teixeira em 2008, quando ele cumpria pena por estelionato. Fizemos amizade, só que ele saiu primeiro do que eu. Quando saí no final do ano, deixei de comparecer à unidade prisional, tornando-me foragido. Acho que ele ficou sabendo, pois também tem um irmão que está lá, preso. No dia 5 de abril ele conseguiu ligar para mim, para que eu viesse a Teixeira de Freitas, mas não me deu detalhes do que seria”, iniciou seu depoimento.
“Eu vim no dia 6 para Teixeira, quando ele se encontrou comigo na Rodoviária. Lá mesmo, ele me disse que tinha um coroa taxista que fazia corrida para ele, só que o taxista estava se envolvendo com sua companheira. Ele disse que me daria R$ 3 mil por isso, para matar o machão, o taxista ‘Murilão’. Então me passou R$ 200 como adiantamento, pagando o restante na quinta-feira após o crime; ele disse ainda que arrumasse mais alguém para me ajudar. Daí, pensei no ‘Jhonys’ (Valquires dos Santos Souza). Voltei para o Prado, falei com o ‘Jhonys’, ele topou, e como o combinado com o ‘Paulinho’, ele acionou o taxista à tarde, para que nos pegasse em frente ao ponto do ônibus do Portal do Prado”, esclareceu.
Vilson contou que o motorista desconfiou de nada, nem mesmo quando disseram que visitariam amigos de ‘Paulinho’ na roça. “Chegamos lá, eu e o ‘Jhonys’, tomamos o táxi e a vítima de nada desconfiou quando dissemos que a gente iria numa roça dos amigos de ‘Paulinho’. Fomos até Cumuruxatiba, mas sempre aparecia gente, entramos em algumas roças e não dava certo. Então, eu pedi para retornar. No caminho, perto da Praia do Farol, eu disse para ele encostar o carro, porque precisava urinar. Quando ele parou, mandei o ‘Jhonys’ pegar o facão e segurar o taxista, enquanto eu dizia que ele tinha perdido o carro. Eu dei umas pauladas na cabeça dele, porque já estava cansado de pedir ao ‘Jhonys’ para terminar o serviço. Quando vi que ele estava morto, jogamos algumas folhas por cima do corpo e saímos com o carro. Deixei o ‘Jhonys’ no bairro São Brás e segui em direção à Itamaraju com o carro. Mas, na região do Tombador, acabou a gasolina, aí, deixei lá”, contou friamente.
Envolvimento da vítima nos crimes de estelionatos de Paulinho?
A apuração do crime até agora não informa se o taxista era partícipe dos crimes cometidos pelo mandante do assassinato. No entanto, dá a entender que o taxista assassinado era conivente com os crimes de seu algoz, passando a saber de muitas informações a respeito das práticas do ex-policial, o que fez com que o próprio Maurílio Carvalho de Oliveira, a vítima do assassinato, tornasse-se arquivo vivo, uma grande ameaça ao estelionatário. A Polícia busca saber se foi esta a motivação do assassinato. A prisão preventiva do ex-policial Paulo Sérgio do Carmo Pereira já foi decretada.
Cliente da vítima é traficante
Tanto o Vilson quanto o “Jhonys” disseram que o ex-policial “Paulinho” foi a pessoa que os contratou, e que este era cliente fiel do taxista assassinado. Eles contaram ainda que o próprio ‘Paulinho’ embarcou os dois assassinos no táxi de Maurílio Carvalho, na cidade do Prado, com a desculpa de que os mesmos deveriam ser levados até uma fazenda para apanhar duas moças. Entretanto, em determinado ponto do percurso, os dois assassinos, Vilson (Cheiro) e Valquires (Jhonys) dominaram o taxista de 64 anos e amarram suas mãos, levando-o até o local do crime, onde foi morto a golpes de pau na cabeça.
Ainda segundo os acusados de executar o taxista, Maurílio era justamente o homem que transportava em seu táxi toda a droga movimentada pelo traficante ‘Paulinho’ em Teixeira de Freitas e em cidades circunvizinhas, sendo justamente pelo fato de saber demais que teve sua morte encomendada e consumada. Segundo os criminosos, o traficante Paulo Pereira teria decidido matar o taxista Maurílio Carvalho de Oliveira porque ele estava sabendo demais sobre os seus movimentos ilícitos, tendo, então, resolvido contratá-los para matar o homem, como forma de ‘queimar o arquivo’.
Prisão decretada pela Justiça de Prado
Tanto o Vilson dos Santos Martins quanto o Valquires dos Santos Souza, acusados e réus confessos do assassinato do taxista Maurílio Carvalho de Oliveira, 64 anos, tiveram a prisão decretada pelo juiz da Vara Crime da Comarca de Prado, enquanto o ex-policial Paulo Sérgio do Carmo Pereira, o “Paulinho”, até o fechamento da edição ainda não havia sido preso, mas já está com o pedido de prisão também decretado.
Confira abaixo as matérias correlatas sobre o fato e o envolvimento do ex-policial Paulinho em outros delitos criminosos.
30 de outubro a 3 de novembro/2005:
Policial bandido é preso pelos próprios colegas
Teixeira de Freitas – Foram apresentados na Delegacia Circunscricional de Polícia Civil de Teixeira de Freitas, pela guarnição da Polícia Militar comandada pelo sargento Zildo Batista e os soldados Darlan Cardoso e Nedson Copque, os acusados de estelionato e roubo – soldado Paulo Sérgio Carmo Pereira, o “Paulinho”, de 32 anos, natural de Juerana (Caravelas), e seu comparsa civil Lindevaldo dos Santos Alves, ambos moradores da Rua Manuel Cardoso Neto, localizada no bairro Teixeirinha.

Segundo narrativa na DP feita pelos policiais militares, por volta de 12h30min foram acionados pela Central com a informação de que haviam dois elementos a bordo de um Fiat Uno Mille, de cor branca, placa JQJ-2606, que estariam passando cheques furtados na praça. Ao saírem em busca da dupla, localizaram o Uno estacionado na porta da Sorveteria São José. Ao indagarem pelo proprietário, foram informados que eles haviam saído com o carro do dono do estabelecimento para abastecer, haja vista que os mesmos deviam na sorveteria uma nota no valor de R$ 70 e abasteceriam o carro em troca do débito.
Logo que os dois retornaram, foram abordados pela guarnição e receberam voz de prisão em flagrante. Ao serem revistados, os policiais encontraram em poder de Lindevaldo duas folhas de cheques, uma da agência Bradesco da cidade de Medeiros Neto, em branco, em nome de Uilson Ribeiro, e outra do Banco Itaú, em nome de Valter Correia Branco Júnior.
De posse do policial “Paulinho”, junto aos seus documentos, estavam três folhas de cheques em nome de Uilson Ribeiro, duas em branco e a terceira preenchida no valor de R$ 962,22. Além disso, também foram encontrados os documentos de Juarez Pereira da Silva, que havia sido assaltado na Rua Mauá por volta das 22h30min do dia 4 de outubro de 2005 por dois elementos com as mesmas características dos acusados, conforme registro de ocorrência na ocasião do fato. Ambos, de imediato, foram reconhecidos pela vítima. Na sua narrativa, Juarez Pereira Silva conta que no dia do assalto estes dois elementos se aproximaram dele: o policial deu-lhe uma gravata, enquanto Lindevaldo subtraiu de seu bolso sua carteira com seus documentos e a quantia de R$ 10, carteira que foi encontrada com “Paulinho”. A princípio, “Paulinho” disse que os documentos eram de um parente, mas ao buscarem mais informações no sistema da Secretaria de Segurança Pública, os policiais descobriram que eram os documentos da vítima que fora assaltada no dia 4 de outubro, documentos os quais os dois acusados estariam usando nas transações ilícitas dentro da cidade de Teixeira de Freitas.
Sob o dois pesam várias acusações de roubo, inclusive, várias vítimas já foram à Delegacia e reconheceram os acusados que vinham há bastante tempo praticando esse tipo de crime.

Reincidente – Nossa reportagem descobriu que é a terceira vez que o policial “Paulinho” pratica esse tipo de conduta ilícita, inclusive, está suspenso de suas atividades militares em razão de responder a um Processo Administrativo Disciplinar por estelionato e apropriação indébita.
Depois de ser ouvido na Delegacia de Polícia, “Paulinho” foi algemado e conduzido preso para o comando do 13.º Batalhão em razão de ainda ser policial militar, mas, tão logo seja exonerado a bem do serviço público, será recambiado para a Delegacia de Polícia.
O delegado-coordenador Mout Ugliosi Telles, que responde interinamente pelo comando da 8.ª Coorpin, com o auxílio do escrivão de Polícia João César, autuou-o em flagrante no artigo 171 e, no decorrer das investigações, também no artigo 157, por furto qualificado em razão de ter sido encontrado com os documentos de Juarez e ser reconhecido por uma de suas vítimas – fato que descreve, segundo o delegado, uso de violência ao cometer o delito.
“Paulinho” e Lindevaldo, ao passarem um cheque no valor de R$ 195,00 no posto Skalla, disseram ser vendedores e que o cheque seria de um cliente, razão pela qual ficou fácil de receber até troco do estabelecimento.
Embora não tenham sido apresentados oficialmente à imprensa, eles disseram que não haviam furtado ou roubado os cheques, sim, adquirido-os de garotos, dos quais não recordam mais quem são.