Chega uma hora em que o desânimo parece nos dominar, chega uma hora em que a sensação de impotência é tão grande que chego a acreditar não ter mais jeito, que o Brasil nunca vai sair deste lamaçal. Chega uma hora em que o corpo e a mente não querem mais lutar, parecem estar tremendamente abatidos, sem forças para reagir. Chega uma hora em que acreditamos não existir mais luz no fim do túnel, que seremos eternamente um país dos coronéis, dos corruptos, da ladroagem desenfreada.
Todos os dias surgem novidades desagradáveis. Chega a ser deprimente, melancólico assistir qualquer telejornal. Com isso a alienação transfigura-se como uma solução menos dolorosa. Este é o ponto a que chegamos!
O caso das malas e caixas cheias de dinheiro, cerca de 51 milhões de reais em notas, é mais um retrato, uma cópia fiel, um símbolo do que se transformou a gestão pública brasileira. A que ponto chegamos, ou melhor, a que ponto avançamos cada dia em direção ao caos!
Mas o triste de tudo isto é constatar que a grande e esmagadora maioria dos trabalhadores brasileiros, durante a vida toda, de forma honesta, nunca conseguirá obter 1% deste montante. Isto mesmo, 1%, faça as contas e verá que um trabalhador que ganha um salário mínimo, que é o salário da maioria dos brasileiros, pode trabalhar cerca de 40 anos e mesmo assim não atingirá o valor estipulado. Uma vergonha!!
Mas é justamente isto que os nossos políticos querem que aconteça. O nosso desânimo significa a vitória deste modo de conduzir os rumos do nosso gigante e adormecido Brasil. Por mais que pareça ser desolador, é preciso combater sempre.
A história nos mostra que é possível revertermos cenários semelhantes a estes. Outros países já viveram situações semelhantes e deram a volta por cima, conseguiram sobreviver ao caos e se tornarem dignas nações. Mas em todos estes casos, o povo se mobilizou, apostou em líderes realmente comprometidos com as mudanças que o povo precisava e tornou-se presente nas decisões que foram tomadas através das atitudes.
Por isso, um texto como este chega a ser, como diria no popular, “chover no molhado”. Pois são tantas as vezes que escrevi sobre o mesmo tema. Mas enquanto nossos políticos e demais comparsas insistirem pelo caminho da corrupção, insistiremos também no combate dela. Pouco adianta gritos isolados, mas pior ainda é se não houvesse grito nenhum.
Nosso desânimo não pode ser maior que a nossa vontade de construirmos um país livre, justo e fraterno. Avante brasileiros, o bom combate precisa começar!
Walber Gonçalves de Souza é professor e membro das Academias de Letras de Caratinga e Teófilo Otoni.