Especialista brasileiro em reprodução humana analisa teste pelo celular, criado nos EUA, para fertilidade masculina

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Dr. Edson Borges Jr, diretor científico do Fertility Medical Group.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, os homens são responsáveis por 40% dos casos de infertilidade, problema que atinge mais de 45 milhões de casais no mundo.

A menos de uma semana, a revista “Science Translational Medicine” publicou um artigo sobre um teste para a fertilidade masculina, que pode ser feito em casa com a ajuda de um smartphone.

O novo produto foi desenvolvido pelos especialistas do Brigham and Women´s Hospital (BWH) e do Massachusetts General Hospital em Boston. O acessório conectado ao celular quantifica a concentração de espermatozoides, sua mobilidade e mostra o resultado em segundos.

De acordo com Dr. Edson Borges Jr., especialista em reprodução humana, essa avaliação seminal caseira tem dois aspectos muito importantes que devem ser observados.

“A grande vantagem é dar mais acesso às pessoas sem a necessidade de uma visão médica mais direta para analisar a quantidade de espermatozoide e se, potencialmente, existe um problema ou não. A universalização dessa ferramenta pode interferir o quanto antes em um tratamento de infertilidade”, ressalta Borges.

O ponto negativo, segundo o diretor do Fertily Medical Group – uma das principais clínicas do segmento no Brasil – é que a produção espermática é uma análise biológica, muito variável, isto é, se realizarmos dez espermograma, teremos dez resultados diferentes. Dessa forma, essa visão imediatista também pode trazer em casos de sêmen normais, durante o teste caseiro, resultados não necessariamente reais e que precisam de uma investigação mais detalhada.

“Mesmo em homens considerados férteis, até 50% da população de espermatozoides do ejaculado pode apresentar alterações de motilidade e até 96% na morfologia, entre outras variáveis analisadas. O espermograma também é bastante útil para fornecer informações sobre o estado das glândulas acessórias, como próstata e vesículas seminais. O grande risco é do paciente se autodiagnosticar e não ter uma avaliação mais criteriosa”, explica o especialista.

Para fina lizar, Borges diz que, além da minuciosa análise seminal, outros testes podem contribuir para o tratamento da infertilidade – que às vezes é cirúrgico – e até mesmo para definir a técnica mais apropriada de reprodução assistida. É o caso da avaliação hormonal e da avaliação genética. Os três fatores genéticos mais frequentemente relacionados à infertilidade masculina são: aberrações cromossômicas, mutações gênicas e microdeleções do cromossomo Y – sendo que, na população de homens inférteis, a incidência de alterações cromossômicas é de 7%, em média. Por Andrea Feliconio – Jornalista, assessora de comunicação e mídias. Especialista em Relações Públicas e conteúdos. www.andreafeliconio- [email protected]