Encontro Regional da Recid e da Fundação Mamãe África debateu a origem cultural dos direitos humanos e o valor pedagógico do Quilombola

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Começou na sexta-feira (30/11) e terminou no domingo (2/12), no auditório da Pousada Marina, em Posto da Mata, distrito do município de Nova Viçosa, o último evento em homenagem ao Dia da Consciência Negra no Extremo Sul da Bahia, quando a Rede de Educação Cidadã (Recid), organismo ligado ao governo federal, realizou em parceria com a Fundação Mamãe África de Caravelas, o 3º Encontro Intermunicipal da Recid Extremo Sul da Bahia, que teve como público-alvo diretores e representantes de entidades sociais da região.

O evento discutiu o trabalho e a identificação dos povos tradicionais e o tema foi: “Direitos étnicos e povos tradicionais” e reuniu articuladores e atores sociais, educadores e educadoras populares, entidades e movimentos sociais com atuação no Extremo Sul baiano. Conforme a pedagoga e educadora social Rosângela Silvestre Muniz, “Rose Muniz”, representante regional da Recid, o evento serviu de preparativo para o Encontro Estadual da Recid em Salvador.

Educador físico Reginaldo Cecílio falou do seu trabalho pedagógico como mestre de capoeira nas comunidades.

O encontro começou na sexta-feira, com a solenidade e a conferência de abertura. No sábado (1º/12), o evento foi aberto pelo educador físico e mestre de capoeira Reginaldo Cecílio – “Mestre Regi”, idealizador do projeto social “Berimbau” e diretor da Associação de Quilombola de Helvécia, que além de promover uma roda de capoeira, falou da integração dos capoeiristas na atual política pedagógica da arte em que participam crianças, jovens e adultos. Houve uma mesa redonda que trouxe o tema: “Racismo, sexualidade e diversidades” ministrada pelo radialista e educador social do Movimento Juventude Estadual, Nelzivan dos Santos Santana. Aconteceu uma roda de conversa onde se discutiu o tema “Performance musical e artes negras” sob a coordenação do secretário municipal de Meio Ambiente de Mucuri, Leilio Maximon Teixeira Alves. E no final da manhã ocorreu a palestra: “A população quilombola e as políticas afirmativas”, ministrada pelo radialista e jornalista Rubens Floriano, vice-presidente do Conselho Administrativo da Fundação Mamãe África de Caravelas.

Na tarde de sábado aconteceram as palestras dos convidados especais. A primeira palestra, intitulada “Direito humanos e filosofia”, foi presidida pelo advogado e filósofo Luciano Reis Porto, mestre em direito humanos, professor titular da Faculdade de Direito da Facisa e secretário municipal de governo em Itamaraju, por ocasião que falou sobre todos os direitos e liberdades básicos dos seres humanos e das ideias de direitos humanos na origem e no conceito filosófico; também debateu sobre a origem cultural dos direitos humanos. Teve ainda a palestra do pedagogo e projetista social Edson Reis Bacelar, coordenador estadual da ONG Estúdio Comunidade de Salvador, que falou sob o tema “O conceito de cidadania racional organização nas relações junto ao Poder Público”, cujo Grupo de Trabalho vive na busca de alternativas de geração de trabalho e renda para as comunidades tradicionais da região do Estado.

Articuladores e atores sociais defenderam o valor da cultura quilombola e grupos que valorizam a cultura afro-descendente e suas manifestações.

No domingo (2/12), o evento teve a palestra: “Convenção 169” feita pelo líder comunitário Irineu Serafim, do povoamento quilombola Rio do Sul, com uma mesa redonda que trouxe o tema “Combate à discriminação e políticas públicas para mulheres”, sob a coordenação da servidora pública Vanuza Krull, presidente do Conselho Fiscal da Fundação Mamãe África de Caravelas. O evento terminou com a palestra de Alfredo Pereira dos Santos, da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

“Para garantirmos o sucesso do evento fomos buscar a parceria da Fundação Mamãe África, que é a principal entidade que promove trabalhos focados na cultura negra nos municípios do Extremo Sul da Bahia e atende o compromisso com os artistas e comunidades que defendem o valor da cultura quilombola, grupos e companhias que valorizam a cultura afro-descendente e suas manifestações contemporâneas. Afinal, devemos pensar onde estamos hoje, o que queremos para o futuro e como conseguir os espaços que estão aí para todos os negros e brancos, tanto discutimos amplamente as ações sociais de políticas educacionais e culturais nestas comunidades mocambos”, comemorou Rose Muniz, coordenadora regional da Recid. Por Athylla Borborema.