A Revolução Francesa se encarregou de mudar o mundo. E as mudanças surgiram em todos os sentidos, lugares e direções. Antigamente a mulher era chamada de PATROA e tinha como obrigação conservar o fundamento bíblico de crescer e multiplicar. Procriar muitos filhos e deles cuidar com carinho e zelo, ministrando-lhes a retidão do caminho a seguir. A casa era seu lar. Era princípio fundamental de que toda moça deveria se casar, ter um marido e muitos filhos. Vergonhoso seria não casar. Aquela que passasse dos vinte anos sem se casar, deveria enclausurar-se num Convento. Um verdadeiro opróbrio, vergonha para a família. Ia para o barricão, uma vez que nem para casar prestava. Solteirona, nunca! O Quinze, de Rachel de Queiroz tem uma coitada. Em conversa com uma senhora da atualidade, relatou-me ela que os tempos mudaram realmente, com diversas ramificações. Já não se vive como os talibãs, onde a mulher é proibida de estudar, trabalhar, tendo que viver exclusivamente para o lar, os filhos e o marido. A mulher de hoje se libertou de muitos tabus, do machismo consagrado. Rachel de Queiroz foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, um autêntico Clube de Bolinha, onde mulher não entrava. Também foi liberado o voto para a mulher, no Brasil, somente em 1927, baseado nas Constituições dos Estados do Rio Grande do Norte e de Minas Gerais. D. Celina Guimarães Viana foi a primeira mulher brasileira a ter direito ao voto. Com a evolução dos tempos, a mulher liberou-se totalmente, tomou o seu lugar e agora ocupa todos os cargos, os mais altos inclusive, vide a Presidente da República, além de outras nos Tribunais Superiores. Assim libertada, com o nariz arrebitado, empinado, tornou-se independente, fixou o seu verdadeiro nome de PATROA, tendo seus maridos como seus empregados. Alguns deles têm assegurado o verdadeiro EMPREGO DE MARIDO. Recebem carros, (em nome da PATROA, claro) levam os filhos para a escola, pagam contas da PATROA, utilizam os cartões de crédito dela, cuja senha é facilmente memorizada em contas conjuntas. Há aqueles menos afortunados, que cautelosos, recebem por baixo da mesa, das mãos da PATROA, o dinheiro suficiente para pagar a conta do restaurante, incluindo a gorjeta. São muito felizes, receptivos, além de todas estas divicias e mimos ainda desfrutam do privilégio de dormirem com a PATROA. Em que parte do mundo pode ser visto tal situação, tendo o empregado dormindo com a PATROA? Importante lembrar que para se alcançar um EMPREGO DE MARIDO, não é exigido qualificação alguma, diploma de curso superior, presidência de empresa ou de indústria, ser proprietário de fazendas, além de boa aparência, melhor desenvoltura e muita, mas muita lábia mesmo, com alto poder de persuasão, que faltou a Cassandra. Com muito humor e sacarmos Chico Anísio criou um personagem que tinha um verdadeiro e ótimo EMPREGO DE MARIDO. Era TAVARES, o bêbado, cínico, que não se apoquentava em assim proceder, pois sua PATROA, embora feia, em contra partida era rica, muito rica. Tal fato o induziu a consagrar a frase “Sou, mais quem não é?”. Para ele era o ideal. Como o governo não se cansa de jactar a criação de novos empregos, seria de bom alvitre que incluísse a categoria de EMPREGO DE MARIDO, podendo deste modo taxá-lo com mais um imposto, aumentando a renda do INSS, tão fragilizado como se encontra, pois poucos contribuem e muitos auferem. Nada contra. Desejaria, com muita urgência, um EMPREGO DE MARIDO. O tempora! O mores! Cícero, in As Catilinárias. Teixeira de Freitas, 14 de maio de 2012. *Ary Moreira Lisboa é advogado e escritor.


