Em meio à Operação Compliance Zero e à liquidação do Banco Master, uma reportagem americana expõe compras milionárias do CEO Daniel Vorcaro; Descubra os detalhes que chocam, o que mais está por vir?
O escândalo envolvendo o Banco Master, uma das maiores fraudes financeiras recentes no Brasil, ganhou contornos internacionais ao revelar o estilo de vida luxuoso de seu CEO e acionista majoritário, Daniel Vorcaro. Preso preventivamente em 17 de novembro de 2025 pela Polícia Federal (PF) durante a deflagração da Operação Compliance Zero, Vorcaro é acusado de chefiar uma organização criminosa responsável por um rombo estimado em R$ 12,2 bilhões no sistema bancário, por meio de créditos podres, fictícios e operações irregulares.
Três dias após a prisão, o Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial de quase todo o conglomerado do Banco Master, expondo não apenas falhas de gestão, mas também conexões políticas que teriam facilitado o esquema. A investigação da PF aponta que Vorcaro transformou o antigo Banco Máxima, renomeado em 2021, em um império bilionário em apenas cinco anos, oferecendo Certificados de Depósito Bancário (CDBs) a taxas abaixo do mercado para atrair investidores desavisados.
No entanto, por trás dos lucros aparentes, havia uma “máquina de fraudes” testada em pequena escala antes de escalar para prejuízos massivos, incluindo um negócio de R$ 303 milhões com uma empresa ligada a uma atendente de lanchonete investigada por golpes.
A tentativa de venda do banco ao Banco de Brasília (BRB), um estatal do Distrito Federal, anunciada em março de 2025, foi vetada pelo BC, o que a defesa de Vorcaro alega ter sido uma “solução de mercado legítima” inviabilizada pela operação policial. Os advogados do banqueiro negam qualquer fraude, afirmando que as medidas são “injustas e desnecessárias” e que não houve “nenhuma fraude de R$ 12 bilhões”.
Enquanto o caso se desenrola, com Vorcaro transferido para um presídio em Guarulhos (SP) e seus bens bloqueados pela Justiça, uma reportagem do site americano The Real Deal, especializado no mercado imobiliário dos EUA, trouxe à tona detalhes sobre o patrimônio oculto do banqueiro em Miami – cidade que ele frequentava assiduamente e onde reside sua namorada. De acordo com fontes de mercado consultadas pela publicação, Vorcaro é o “verdadeiro dono” de uma mansão de frente para a baía de 1.900 metros quadrados (equivalente a 20.500 pés quadrados) nos endereços 4445 e 4425 da Sabal Palm Road, no condomínio fechado Bay Point, no Upper East Side de Miami
A aquisição, feita em janeiro de 2025 por US$ 85,2 milhões (cerca de R$ 460 milhões na cotação atual), estabeleceu um recorde para transações imobiliárias na área, superando em mais que o dobro a venda anterior de US$ 38,5 milhões de uma propriedade do CEO da Adonel Concrete, em 2023. A propriedade, com 11 quartos, 12 banheiros, quatro lavabos, piscina infinita e dois píeres privativos, tem vizinhos ilustres como o cantor Enrique Iglesias e está em reforma desde a compra. Poucos meses depois, em fevereiro, Vorcaro ampliou seu portfólio na mesma rua com a compra de uma casa não voltada para o mar, no número 4430, por US$ 6,9 milhões (cerca de R$ 37 milhões).
As transações foram realizadas via Goldbeach Properties LLC, uma empresa de responsabilidade limitada registrada em Delaware, estado conhecido pela opacidade de seus registros corporativos, o que dificulta a rastreabilidade direta ao comprador.
Uma corretora experiente de Miami, sob anonimato, explicou à Coluna Capital do O Globo que estruturas como essa LLC frequentemente beneficiam empresas em paraísos fiscais, complicando investigações.
Vorcaro, que batia recordes de ostentação, já havia alugado um escritório em um dos arranha-céus mais exclusivos de Miami por um valor inédito no ano anterior, segundo a Bloomberg, sem nunca utilizá-lo. Essa vida de luxo – com palestras no exterior, festas milionárias e jatos particulares – contrasta com o impacto do escândalo no Brasil, onde investidores e o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) arcarão com parte dos prejuízos, como alertou o economista Rodrigo Leandro de Moura à BBC Brasil: “Todos vamos pagar um pouco do prejuízo do caso Master”.
O caso também expõe lobismo em Brasília: reportagens indicam que Vorcaro contou com apoio de figuras da extrema-direita e do Centrão para defender interesses espúrios, permitindo que o esquema prosperasse. Nas redes sociais, o tema viralizou, com postagens no X (antigo Twitter) questionando a prisão de Vorcaro no momento em que ele embarcava para Miami e destacando o contraste entre o rombo bilionário e suas aquisições.
A assessoria de Vorcaro e a corretora responsável pela venda em Miami não comentaram as reportagens.Com bens congelados, as propriedades em Miami podem ser confiscadas e leiloadas para ressarcir vítimas, como sugerem usuários no X. O escândalo reforça debates sobre supervisão bancária e transparência no mercado imobiliário internacional, com a imprensa estrangeira de nicho, como o The Real Deal, ampliando o escrutínio sobre fluxos de capitais de figuras brasileiras sob investigação. Por Alan.Alex / Painel Político



