Em uma dramática disputa familiar que está abalando um dos maiores impérios do varejo brasileiro, Abdul Fares, de 40 anos, herdeiro da rede Marabraz e noivo da atriz Marina Ruy Barbosa, move uma polêmica ação judicial para interditar seu pai, Jamel Fares, de 64 anos, um dos sócios-fundadores da empresa que possui 120 lojas de móveis espalhadas pelo país.
O processo, que corre em segredo de Justiça na comarca de Simões Filho, na Bahia, foi descoberto acidentalmente pelo patriarca durante uma busca rotineira realizada pela assessoria jurídica do grupo. Na ação, Abdul solicita a curatela do pai, apresentando laudos psiquiátricos e neurológicos que alegam que Jamel sofre de depressão profunda, cardiopatia grave, dependência química de medicamentos controlados e apresenta quadros de agressividade.
Acusações graves e disputa patrimonial
Em resposta às alegações do filho, Jamel Fares contratou o escritório Warde Advogados e apresentou, em 5 de dezembro, uma petição que acusa Abdul de crime de falsidade ideológica, classificando-o como “ingrato e parasita”. O patriarca também protocolou uma queixa-crime nesta terça-feira (10) no 2° Distrito Policial de Barueri (SP).
A origem do conflito remonta a uma estratégia de blindagem patrimonial realizada em 2011, quando Jamel e seus irmãos, Adiel e Nasser, transferiram o controle da holding familiar (LP Administradora) para seus herdeiros. O grupo, que hoje fatura aproximadamente R$ 1 bilhão por ano, teve início na década de 1980 com um pequeno negócio no Brás, em São Paulo.
Estilo de vida questionado
Segundo a defesa de Jamel, nos últimos dois anos e meio, Abdul teria gastado cerca de R$ 22,5 milhões em despesas pessoais com recursos das empresas familiares. Entre os gastos citados estão:
- Viagens em jatinho particular
- Aquisição de helicópteros
- Compra de diamantes milionários
- Um anel de noivado avaliado em US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 6 milhões)
Questões jurisdicionais
Um dos pontos mais controversos do processo é a escolha da comarca de Simões Filho (BA) para a ação de interdição. A defesa de Jamel contesta veementemente esta decisão, uma vez que tanto pai quanto filho residem em condomínios de luxo em Alphaville, Barueri (SP). Abdul teria alegado residir em uma casa simples alugada por R$ 2.500 na Bahia, fato que está sendo investigado como possível falsidade ideológica.
Impacto nos negócios
A Marabraz, além do varejo de móveis, expandiu suas operações para o setor imobiliário, com investimentos em loteamentos industriais em Cajamar e a aquisição do prédio da Abril na Marginal Tietê. Em 2019, Abdul e seu primo Nader criaram o Blue Group para gerenciar o e-commerce da empresa, iniciativa que, segundo relatos, resultou em prejuízos e aumentou as tensões familiares.
Consequências legais
Caso seja comprovado que Abdul cometeu falsidade ideológica para manipular a jurisdição do processo e utilizou documentos falsos, ele poderá enfrentar penas de 1 a 5 anos de reclusão, além de multa. O Ministério Público já solicitou a suspensão da apreciação do pedido de curatela provisória até que sejam esclarecidas as questões sobre o domicílio em Simões Filho.
Procurados pela reportagem, tanto Abdul quanto seu pai e demais membros da família Fares optaram por não se manifestar sobre o caso. O advogado José Luiz Bayeux Neto, que representa Jamel, também declinou de comentários, enquanto Jailton Rigaud, advogado de Abdul em Simões Filho, não respondeu aos contatos até o momento da publicação.
Esta disputa familiar, que mistura elementos de sucessão empresarial, luxo e poder, continua se desenrolando nos tribunais, colocando em xeque o futuro de um dos maiores grupos varejistas do Brasil e expondo as complexas relações entre as antigas e novas gerações no comando de impérios empresariais familiares.
Com informações da Folhapress.