Enfermeira Lenilda dos Santos morreu após ter sido abandonada pelo grupo com o qual tentava entrar no país norte-americano

Nesta segunda-feira (15/11), Lenilda foi velada durante 5 horas em um ginásio de esportes em Vale do Paraíso. O caixão saiu para o enterro por volta das 14h30 (15h30 de Brasília), carregado por pessoas segurando balões brancos.
O corpo da enfermeira, de 49 anos, foi encontrado no dia 15 de setembro. O último contato dela com a família havia ocorrido no dia 7 de setembro.
O caso ainda está sob investigação nos EUA, daí a demora para a liberação do corpo. A causa da morte só sairá após o resultado de exames toxicológicos, que podem demorar até 90 dias.
A enfermeira foi achada sem vida em uma área de deserto na cidade de Deming, no estado norte-americano do Novo México. O município fica próximo ao México.
De acordo com relatos de familiares ao jornal, Lenilda enviou uma mensagem de voz pelo celular para seu irmão por volta das 15h25 de 7 de setembro, na qual dizia: “Eu dormi aqui, eu não aguentei, eu tô sozinha. Mas eles estão vindo me buscar. Eu tô chegando, falta um pouquinho só para eu chegar. Eu não aguentei”.

O corpo da brasileira Lenilda dos Santos foi encontrado em 15/9. Ela tentava chegar aos EUA. Foto: Arquivo

Morrendo de sede
Em outro áudio, explicou que estava com sede e pedia que o irmão falasse com os amigos dela a fim de que levassem água para ela. “Eu esperei até 11 horas, mas ninguém veio. Eu peguei e saí do lugar”, disse. “Eu estou escondida. Manda ela trazer uma água para mim, porque não estou aguentando de sede.”
Desde 5 de setembro, a mulher estava com três amigos e um coiote mexicano na travessia do México para os Estados Unidos, onde tentaria entrar sem o visto.
O irmão da enfermeira, o pecuarista Leci Pereira, relatou que Lenilda foi abandonada pelo grupo porque passou mal durante a caminhada. “Largaram ela para trás. São pessoas que foram criadas junto com a gente, que conhecemos há mais de 30 anos. Ela confiou que eles iam voltar para buscá-la”, assinalou.
Segundo o irmão, Lenilda trabalhava em dois empregos como enfermeira, mas tinha dívidas que não conseguia pagar. Ela já havia morado nos EUA em 2004, e decidiu voltar ao país para conseguir um emprego para ganhar em dólar, com a intenção de quitar os débitos. Por Carlos Estênio Brasilino / Metrópoles