D’Jane Silper segue com Exposição Faces de Cristo até fim de janeiro, em Teixeira de Freitas

953
D’Jane Silper segue com Exposição Faces de Cristo até fim de janeiro, em Teixeira de Freitas
Almir Zarfeg autografando um exemplar de “Estação 35” para D’Jane Silper 

A artista plástica itanheense D’Jane Silper seguirá com a “Exposição Faces de Cristo” até o dia 31 de janeiro, no Espaço Motirô, no Shopping PátioMix, na cidade de Teixeira de Freitas.

Em 20 telas pintadas em acrílico, a artista reproduz as faces de Jesus Cristo com pinceladas coloridas em um plano de concepção figurativo, apresentando para o público o Cristo de sempre, europeizado e difundido pela Igreja Católica e pela história da arte.

Em poucos momentos, porém, D’Jane ousa e apresenta Jesus com uma face negra, o que chama a atenção do público e, ao mesmo tempo, serve para quebrar o colorido da forma e a regularidade do tema.

D’Jane Silper segue com Exposição Faces de Cristo até fim de janeiro, em Teixeira de Freitas

A jovem desenha desde a adolescência, mas atraiu a atenção das pessoas e das redes sociais quando transformou a fachada de sua “humilde residência” num enorme painel multicor que rapidamente ganhou o mundo e foi classificado como “gentileza urbana” ou arte urbana.

Isso se deu no período bem anterior à pandemia em 2013 e, de lá para cá, ela ficou mais conhecida na região e passou a ser requisitada para ilustrar muros, fachadas e interiores de ambientes com seus desenhos coloridos quase sempre ligados à temática natural.

D’Jane Silper segue com Exposição Faces de Cristo até fim de janeiro, em Teixeira de Freitas
A fachada da “humilde residência” da artista plástica em Itanhém – BA

A partir dessa experiência, D’Jane resolveu pintar as primeiras telas, transitando da simples ilustração e reprodução para algo mais elaborado e desafiador. As faces de Cristo são resultado dessa nova fase na vida da artista.

A mostra ocupou a Praça da Matriz em Itanhém, cidade natal da artista, no final de 2023. Agora, na Galeria Motirô, está recebendo a atenção dos teixeirenses e visitantes até o final deste mês.

D’Jane declara que não possui um estilo de pintar nem o jeito de conceber suas criações. Sem maiores preocupações estéticas ou históricas, ela se define como alguém movido pela intuição e pela liberdade em experimentar cores e olhares. No início, chegou a fazer um estágio com a artista plástica e psicóloga Edilene Torino em Belo Horizonte/MG.

A artista admite, porém, alguma influência do estilo colorido e alegre de Romero Britto, pintor pernambucano radicado nos Estados Unidos e muito prestigiado pelas celebridades. “Gosto do colorido das obras dele e admiro a trajetória de alguém que se deu bem na vida através das suas criações”, afirmou D’Jane.

Os poetas Almir Zarfeg e Erivan Santana, também naturais de Itanhém e residentes em Teixeira de Freitas, foram prestigiar a mostra e falaram sobre o que presenciaram.

D’Jane Silper segue com Exposição Faces de Cristo até fim de janeiro, em Teixeira de Freitas
Erivan Santana e Almir Zarfeg prestigiando a “Exposição Faces de Cristo”

Erivan Santana elogiou as cores fortes utilizadas pela artista e o empenho dela em apresentar essa série impactante sobre as faces de Cristo. “Ela está de parabéns e, a partir de agora, poderá explorar outros temas e ir mais longe”, afirmou Erivan.

Almir Zarfeg encara a produção da conterrânea como uma manifestação da chamada arte naïf, porque concebida sem maior ou quase nenhuma preocupação formal ou elaboração técnica. Daí a sensação de uma ingenuidade pictórica, perceptível no emprego das cores, e também temática, notada na escolha do tema e na releitura dele. Enfim, uma arte marcada pelo autodidatismo.

“Sempre que possível, eu prestigio o trabalho dela e, nessas ocasiões, discutimos questões relativas à pintura em geral, como as vanguardas e suas consequências, e à produção artística regional, lembrando nomes como João Faustino, Irley Jesus Leal, Gilberto Bahia, Clauduarte Sá – músico que tem pintado também dentro da concepção naïf, ou seja, sem preocupações acadêmicas ou formais”, argumentou Zarfeg.

Zarfeg destacou a dedicação de D’Jane às obras que deram origem à exposição em cartaz, sobretudo porque “ela teve que fazer um empréstimo no banco para comprar os materiais, como telas e tintas”.

“Falta apoio público e privado aos artistas. Para piorar, as pessoas não têm interesse ou formação para apreciar um quadro. Quando vão ver, saem dizendo coisas sem pé nem cabeça. A leitura de um poema, então, ficou relegada aos iniciados ou muito interessados. Mas sempre foi assim”, concluiu o poeta.

Zarfeg é presidente de honra da Academia Teixeirense de Letras (ATL) e, nessa oportunidade, presenteou D’Jane com exemplar de “Estação 35”, seu romance de estreia. Fonte: Redação