Depressão em crianças e jovens merece atenção

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A depressão infanto-juvenil cresce a cada dia. O comportamento agitado, explorador dá lugar ao medo excessivo, apatia e desanimo. Os sintomas podem se confundir com oscilações de humor de uma personalidade em formação, prejudicando diagnóstico e tratamento.
Como nos adultos, traumas, luto e separação dos pais podem levar ao quadro de tristeza patológica. “Depressão é multifatorial, pode ocorrer quando perdem um ente querido, um familiar, ou até mesmo um bichinho de estimação”, explica a dra. Miriam Ribeiro de Faria Silveira, vice-presidente do Departamento de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).
O tratamento consiste em medicamentos e psicoterapia. Para crianças, remédio apenas em casos mais graves. É fundamental que os pais participem e apoiem o filho em todo o processo, mostrando que ele não está sozinho nessa luta.
Crianças: depressão e a relação com os pais
Desde os primeiros dias de vida, o bebê pode apresentar quadros depressivos. A depressão pós-parto afeta o filho e a relação deles. A identificação dos sintomas nessa fase é mais difícil.
“Casos como esse o tratamento é conjunto. Em sessões de terapia com ela, trabalhamos a importância de conversar e olhar para o bebê, estimulando a amamentação. Se deprimida, ela não olha nos olhos dele”, orienta a dra. Miriam.
Pais depressivos podem gerar filhos depressivos. Para as crianças, eles são modelos e, por isso, os comportamentos são imitados.
É comum crianças depressivas sentir medo de se afastarem de pessoas referências, mesmo em um curto intervalo de tempo. Isso vai além da ansiedade de separação da fase escolar. Por não saber nomear suas emoções, é constante a queixa de dor de cabeça e de barriga.
Na hora de dormir, a criança pode chorar muito, com sono interrompido diversas vezes. O cansaço acumulado pode gerar dificuldade de aprendizado na escola.
Adolescentes: puberdade e imediatismo
Na adolescência, irritação persistente, tristeza e tormentos comprometem as relações sociais, familiares e o desempenho escolar. Ele chora sem motivo, perde a vontade de trabalhar, estudar e se mostra desinteressado por tudo.
A doença reduz o apetite, causa insônia ou hipersônia, perda de energia, redução significativa da capacidade de concentração, prejudicando a qualidade de vida do jovem.
Com a puberdade, os sentimentos são mais intensos, de proporções amplas. “Se não passam no vestibular ou tiram nota ruim em uma prova, ficam tristes, mas devemos desconfiar se ele ficar assim por muito tempo”, alerta a especialista. Por questões culturais, as garotas expõem mais suas emoções, enquanto os garotos recorrem à agressividade.
Nesta fase, é importante ficar atento às drogas. Os depressivos veem nos narcóticos uma forma de saírem do desânimo e podem se viciar.
Suicídio
Casos mais graves podem levar ao suicídio. Nas crianças, é comum ela não evitar lesões e sofrer acidentes frequentes. Após os seis anos, com mais entendimento, podem atentar contra a própria vida. Na adolescência, os episódios normalmente são inesperados, ocorrem por impulso, em busca de um fim rápido para sua dor.
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