Por ordem de Trump, Casa Branca não fará contato com Pequim e aguarda que o governo de Xi Jinping tome a iniciativa

247 – Em meio à escalada da guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dois altos funcionários da Casa Branca ouvidos pela CNN afirmaram que a Casa Branca não pretende tomar a iniciativa de retomar as conversas com a China. Segundo a reportagem, Trump teria afirmado que a responsabilidade de fazer o primeiro movimento é de Pequim, pois acredita que foi a China quem optou por retaliar, intensificando a guerra comercial. O recado teria sido transmitido diretamente ao longo dos últimos dois meses, com a equipe de Trump deixando claro às autoridades chinesas que o presidente Xi Jinping deveria solicitar uma ligação com Trump.
Contudo, o governo chinês se recusou reiteradamente a agendar uma chamada telefônica com o líder norte-americano, conforme fontes envolvidas nas comunicações oficiais. O principal obstáculo, segundo a equipe de Trump, seria o temor de Xi Jinping em ser visto como fraco ao ceder e iniciar uma negociação com os EUA.
Nesta sexta-feira (11), a guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas do mundo foi agravada após a China anunciar que poderá elevar as tarifas sobre produtos dos Estados Unidos para até 125%, caso o governo estadunidense continue com a imposição de tarifas adicionais sobre bens chineses exportados. No dia anterior, os EUA haviam aumentado as tarifas de importação sobre produtos chineses para até 145%.
Trump, que espera alcançar um acordo com a China que aumente as exportações dos EUA, combata as exportações de fentanil e reestruture o TikTok para o mercado americano, sugeriu que Pequim acabaria cedendo. “A China quer fazer um acordo. Eles simplesmente não sabem como fazer isso”, declarou Trump em evento na Casa Branca na quarta-feira. “Eles são pessoas orgulhosas”, completou.
Apesar de o relacionamento entre os líderes dos EUA e da China se deteriorar, os canais oficiais de comunicação no nível de trabalho ainda permanecem ativos, embora o diálogo de alto nível esteja ausente. Enquanto isso, canais não oficiais não têm se mostrado produtivos, segundo fontes próximas ao processo ouvidas pela reportagem.
Funcionários atuais e antigos observam que a dependência da China de protocolos rígidos e o desejo de preparar adequadamente Xi para uma ligação de grande importância estão em desacordo com a maneira pragmática e direta de Trump negociar, o que tem dificultado a iniciação de conversações produtivas. A China tentou estabelecer um canal alternativo por meio do conselheiro de segurança nacional do presidente Joe Biden, Jake Sullivan, mas, até agora, esses esforços não foram bem-sucedidos.
A recusa dos EUA em dialogar com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, também tem gerado obstáculos, com Washington alegando que Wang não é suficientemente próximo do círculo íntimo de Xi e, por isso, não seria um interlocutor confiável.
No cenário atual, a Casa Branca tem procurado estabelecer acordos comerciais com outros países, como Japão, Coreia do Sul e Vietnã, como uma forma de pressionar Pequim a retomar as negociações.
Porém, mesmo com a ausência de progresso, a administração Trump não descarta a possibilidade de abrir um canal de preparação para uma eventual ligação direta entre Trump e Xi. De acordo com Danny Russel, ex-secretário de Estado para a Ásia Oriental, a China está relutante em colocar seu líder na mesma posição em que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky se encontrou durante sua visita ao Salão Oval.
“Os chineses, em qualquer caso, estão relutantes em colocar seu líder na posição em que Zelensky se encontrou”, disse Russel, destacando a necessidade de garantir que a reunião aconteça com algumas condições básicas já definidas.
Nesta sexta-feira (11), ao ser questionado pela imprensa se os EUA iniciaram negociações comerciais com a China, o representante comercial de Trump, Jamieson Greer, respondeu que “não neste momento”. Enquanto isso, Xi Jinping, em seu primeiro pronunciamento público sobre a guerra comercial, declarou que a China “não tem medo de nenhuma repressão injusta”, deixando claro que as tarifas retaliatórias da China sobre os produtos dos EUA, agora em 125%, são uma resposta à escalada da guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos.