Da venda de abadás à sociedade com Daniel Vorcaro no Master e ao controle do Banco Pleno: a ascensão do empresário baiano agora alvo da Polícia Federal que casou com a ex de Arruda
Flávia e Augusto LimaEm uma operação que escancara as entranhas do sistema financeiro e suas conexões com o poder, a Polícia Federal deflagrou a “Compliance Zero”, prendendo, entre outros, o empresário baiano Augusto Lima, de 46 anos. Sua trajetória, que começa na venda de velas e abadás e culmina na controlaria de um banco, é um retrato de oportunidades, parcerias de alto risco e uma rede de influências que serpenteia de Salvador a Brasília.
A investigação da PF joga holofotes sobre os negócios de Lima no setor financeiro, notadamente sua sociedade com Daniel Vorcaro no Banco Master, que durou de 2019 até o início deste ano. A porta de entrada para este mundo foi uma operação do governo da Bahia. Em 2018, o governador Rui Costa (PT) decidiu privatizar a Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), controladora da rede de supermercados Cesta do Povo. A parte financeira do negócio ficou a cargo de Augusto Lima, que, a partir dela, criou o CredCresta, um cartão de crédito consignado para servidores públicos e funcionários de empresas privadas.
Foi este produto, o CredCresta, que Lima levou como seu principal trunfo ao se tornar sócio de Vorcaro no Banco Master. O cartão tornou-se um braço de negócios vital para a instituição, consolidando a posição do empresário no mercado.
A influência de Lima, no entanto, não se restringe aos negócios. Seu trânsito político é notável, tanto na Bahia quanto em Brasília. Em janeiro de 2023, ele se casou com Flávia Peres, que foi ministra do Turismo no governo Jair Bolsonaro, deputada federal e ex-esposa do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda. Juntos, o casal fundou a ONG Terra Firme, presidida por Flávia, com a missão declarada de “combater a pobreza e as desigualdades sociais”.
O ano de 2024 marcou uma virada nos negócios de Lima. Ele deixou a sociedade no Banco Master e assumiu o controle do Banco Voiter, que integrava o grupo. A instituição foi rebatizada como Banco Pleno e, de acordo com informações disponíveis, Lima já realizou dois aportes de capital que somam R$ 160 milhões para alavancar o novo empreendimento.
As investigações da Operação Compliance Zero buscam agora desvendar se houve irregularidades na conduta e nas operações que sustentaram essa meteórica ascensão financeira. A PF investiga crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.
O caso evidencia a complexa teia que une política, negócios e o sistema bancário, levantando questionamentos sobre a regulação e a fiscalização dessas relações. A trajetória de Augusto Lima, do abadá ao consórcio com um dos nomes mais conhecidos do setor bancário e, por fim, à presidência de seu próprio banco, é o centro dessa trama que a Justiça e a Polícia Federal agora se empenham em desvendar completamente. Por Alan.Alex / Painel Político


