DE QUEM É A CULPA?

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A invenção de Alexander Graham Bell (1847-1922), nascido escocês, e imigrante radicado nos EUA, o telefone, cuja patente foi consumada em 1876, de grande impulsionadora das comunicações, tornou-se hoje um problema social.

Por quê?

Como introdução, define-se como o aparelho de telefonia que compreende ao menos um microfone e um receptor. Ainda: o sistema de telefonia em que os sinais são transmitidos por fio (o telefone fixo); recebe sinais de onda diretamente da antena, ou torre, da operadora (o telefone móvel). O móvel, no termo popular, é o telefone celular, ou simplesmente, celular.

Essa invenção, definida antes como meio de comunicação, é hoje muito mais que isso – é um supremo veículo de comunicação, aperfeiçoado que foi por norte-americanos e asiáticos. A importância da telefonia no mundo é incalculável; além de emitir os famosos “recados” e ser ponte de negócios, leva ao mundo imagens antes reservadas à categoria específica de repórteres, fazendo a função da mídia. Não só quem é jornalista para colocar no mundo uma imagem de guerra, de crime, de fato inusitado; basta ter um telefone avançado, saber operá-lo e jogar na Internet o que ele capta – do amor impróprio a um animal no Ártico tirando uma soneca, cumprindo seu papel de predador para se alimentar ou reproduzindo a espécie.

Isso é uma arte!

Mas o que tem o telefone de ruim? Tem muito a ver com os maus costumes. “Dona Maria Peixinho”, nome fictício, em cidade vizinha, até pouco tempo, tinha um telefone fixo. O malandro, sabedor de ser ela uma pessoa séria, de certa idade, sistemática, mas de visão ecumênica, lhe telefona: “Queria que a sra. olhasse se na frente de sua porta “tem” um fusca verde…” Do outro lado, ela diz: “Espere um pouco, que vou olhar”. Na volta: “Não, olhei, olhei, e não vi fusca algum”. E ele completa: “É que já amadureceu”.

O outro, homem poderoso, rico, o mais abastado da região, queria que o telefone fosse unicamente dele, que servisse apenas “a pessoas de estirpe como ele”. Ficou sabendo que certa fulana, uma que morava na ponta da rua, talvez uma “mulher-dama”, tinha comprado um telefone. Esbravejou, falou alhures e disse em tom de homem de palavra: “Vou quebrar meu telefone, porque, hoje, até essas (…) podem ter um. Isso é uma desgraça!”

Quem falou que o telefone não se universalizou, errou. Quem fala que o telefone serve apenas a uma categoria, profissional ou não, erra mais ainda. O telefone é objeto comum, entregue à mão, ou à voz, de quem sabe fazer dele um meio de chegar a outro canto, digamos, “quem tem telefone, vai a Roma”, se souber falar.

A mãe, médica, usando seu celular no veículo, enquanto dirigia, com a criança de alguns meses, na cadeirinha, dirige no RJ – enquanto faz seu percurso, em velocidade incompatível para atender, o “bichinho” toca, ela o atende, e se preocupa em olhar a criança, inclinando-se ligeiramente para trás. Foi fatal – bate em um poste e vem a falecer.

Seria essa referência a primeira de como o telefone está sendo mal-usado. Usado indevidamente em reunião – ao adentrar (tal recinto), desligue seu celular – mas o sabido não obedece a esse pedido; usado no trânsito – grande parte dos acidentes com veículos em capitais surge em virtude desse mau uso; usado indevidamente em presídios – que serve de meio para sequestros e para ordens de matar, entre outras; usado incorretamente em escolas – a mocinha dá mais valor à mensagem que o querido lhe manda que à aula de quem está à sua frente; usado indevidamente para passar trote a órgão público – o Corpo de Bombeiros de todo o País tem enorme prejuízo pelo mau uso do telefone – o trote, “idiotice de sabido”, que se acha no direito de atrapalhar a vida de quem trabalha; isso é pior que impedir o direito de ir e vir de todo cidadão, pois, além de atrapalhar, conduz a erros; usado por quem se acha importante no comércio para telefonar a uma pessoa ocupada e simplesmente perguntar – “Com quem eu falo?” Identifique-se, diga com quem quer falar… e o que deseja… Fora isso, é perda de tempo; o grande empresário está emperrando seu negócio com gente desse tipo em seu escritório.

Se quem telefona não se identifica, se vier a falar, fala com a pessoa errada, e perde tempo, além de cometer gafe, e talvez “revelar seus segredos”, particulares ou comerciais. O outro, se for educado, retruca “ – Não, o sr. está falando com …”; o queixo cai, e nada é resolvido.

Isso é bom uso? Claro que não. Fizesse o usuário, ou o faça, o que o Graham Bell fez ao se comunicar com seu assistente, Watson: “Sr. Watson, venha cá, eu quero vê-lo”, e observe que esse recado já seria previsto, pois se tratava de um teste. Note ainda como o assistente foi tratado.

Faça uma pesquisa de trotes que recebe, do que fica sabendo e do prejuízo que incautos causam a órgãos oficiais, além de recados de morte e ameaça…

Faça bom uso desse aparelho inovador e renovador…