De quem é a culpa? (05 de Fevereiro/2014)

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Existe a pessoa hipersexuada? Esses parâmetros – se tem seios, órgão genital correspondente ao sexo, útero (para o feminino) etc. – estão de acordo com a taxonomia médica? Pode-se dizer, de antemão ou à primeira vista, que se trata de um indivíduo exatamente feminino ou masculino, sem deixar qualquer dúvida? Parece que não.

Naqueles tempos idos, dizia-se que a pessoa era ‘macho e fêmea’, ou hermafrodita. Parece que hermafrodita (sem a necessidade de pesquisa, porque este artigo não é científico) seria usado também para as plantas – uma planta bissexuada, capaz de gerar-se ou gerar fruto sem a presença do gineceu (órgão feminino) ou do androceu (órgão masculino).

Certo é que os termos ‘antigos’, ou melhor, anteriores, se tornaram ‘desusados’, e vem surgindo nova denominação. Cada setor da Medicina conhece as devidas variantes – bissexual, transexual, chegando-se ao homossexual ativo e passivo. Nesse patamar, que aplicabilidade tem a palavra ‘lésbica’? Parece que nenhuma, por ter ainda um cunho pejorativo.

É bom que se diga – juridicamente, que é de bom alvitre – que hoje não se ignora mais a dúvida do sexo da pessoa. Pela aparência, não se sabe julgar nem se deve atrever a tal ponto nem a opinião possa ser única e verdadeira. Além do risco de se cometer uma gafe, é uma interveniência antipática, discriminatória, e o bom senso manda que se cale a boca. Deixe-se que a ciência faça a devida classificação, que o Direito diga os ‘direitos’ que a pessoa tem.

Antes, não se cogitava mudança de sexo – se se descobria que o menino, depois um rapaz, mais tarde, um homem, era uma menina, calava-se a boca, e o fulano vivia sua eternidade com as coisas encobertas. Era homem? Era mulher? Melhor que ficasse a dúvida, associada ao respeito.

Hoje, muda-se de sexo de uma hora para outra. O delegado tornou-se a delegada. O modelo tornou-se a modelo. A modelo tornou-se o modelo.

Mudança de sexo só seria na outra vida… Quantas vezes, não se ouviu a expressão “Na outra geração, quero ser homem”, diria uma mulher; “…, quero ser uma mulher”, diria um homem. 

Ainda criança, o colunista ouvia dizer que tal menino não tomava banho (todo mundo ficava pelado no riozinho do lugarejo) com os outros meninos – seria hermafrodita? Tinha um pênis excessivamente diminuto para o seu corpanzil? Muito mais o gordinho tinha pênis pequeno, e o magricela – “vara de tirar caju” – alto, seco, tinha pênis avantajado, e ele se mostrava. Fazia gestos de masturbação, e o volume aparecia. Todo mundo dava risadas, e o dono do documento se vangloriava, contava histórias, e a notícia corria mundo, com o devido interesse das “minas”, as belas raparigas da região, como eram conhecidas as moçoilas de então.

Se acabou a ojeriza, se acabou a discriminação (isso é bom; cada um tem direito a uma opção sexual), os boatos aumentam, e as mudanças se tornam mais visíveis. Contam os doutos que na Tailândia muda-se de sexo de uma hora para outra, e que lá, além da abundância das cirurgias na área, é o lugar mais barato do mundo onde se pode fazer essa transformação.

O Curso de Direito, na Área da Medicina Legal (com esse “nomão” e tudo) mostrava fotos de senhoras que tinham pênis, e de senhores que teriam uma vagina, mesmo minúscula. Essas pessoas estariam reservadas ao ostracismo – trancavam-se para sempre em seu casulo e viviam depressivas, desiludidas, sem que pudessem encontrar um parceiro.

Hoje, não – cada um tem o seu parceiro. Americanos, antes ‘homens de verdade’, ou bissexuais, segundo as revistas de sexo, tornaram-se mulheres. Ou vice-versa.

Americanos porque seriam aqueles que tiveram, de início, a coragem de assumir sua performance sexual; outros ficavam às escondidas, e só por-um-acaso se descobriria de que lado o fulano estava. Macho, fêmea…

O registro da criança daria o direito de não ser definido o sexo? Deixa-se que o futuro cidadão, homem ou mulher, decida na maioridade o que fazer de sua “aparência”, ou sua mudança…

De quem é a culpa? Quo vadis? E os temas de novelas? Rapazes que se beijam!

O mundo está de pernas para o ar? A música de carnaval teria razão em dizer “Se é ele, se é ela”? “De dia, é um; de noite, é uma”.

Uma coisa é a ciência; outra é a vontade de mudança. Para onde vamos? Onde vamos parar?

Uma revista de sexo mostra uma senhora ‘dupla’ – ela tem relação sexual com homens, por que tem uma vagina; ela tem relação sexual com mulheres, por que tem um pênis, que não é tão diminuto, pelo menos na foto mostrada. O argentino era homem e ficou mulher, e agora está ‘grávido’ ou ‘grávida’?

Vá entender!…