“O Gigante acordou!”, referência popular para dizer que o Brasil “abriu os olhos”, que o povo, tardiamente, está sabendo reivindicar seus direitos, em especial, aqueles capitulados na Carta Magna. Tomara que, de agora em diante, essa metamorfose, com manifestações pacíficas, venha a acontecer continuamente. Espera-se que esse movimento não seja passível de morrer no nascedouro, por ser, pois, passageiro.
Tomem-se todas as rédeas dessa arrancada, como vanguarda justa, como princípio democrático, mas ordeiro. Fora a violência, fora a baderna, fora o vandalismo. Punição justa e cabal para quem depreda os patrimônios público e privado. Mas cadê a lei?
A lei dorme, a lei está no papel; na prática, é capenga, trôpega e ineficiente, haja vista que já houve negativas a pedidos para punir os “contraventores” da ordem. Magistrados têm dito que há falta de provas. Vândalos identificados em Brasília, Salvador e Vitória assinaram termos circunstanciados e vão responder em liberdade. Quando serão julgados de fato? A Justiça é um paquiderme, lentamente, a caminhar no deserto, com falta de tudo – de recursos, de provas, de meios, de julgadores… Alegam esses debochados endinheirados, geralmente, universitários de escolas públicas, que estão arrependidos (da boca para fora) e que vão pagar os prejuízos. Como isso dói! Estudam em universidades públicas, são baderneiros a praticar atos violentos, e se dizem contraviolentos! Dá para acreditar neles?
Parece que será verdade – a corrupção ser “banida” do Brasil! (?) Banida por que seria crime hediondo! Quando? Como? Onde? Por quê? Todos os ingredientes de perguntas sem respostas rondam esse mundo utópico!
Por outro lado, tem-se muito a elogiar o inicial movimento dos que fazem parte do MPL, que desencadeou essa onda tsunâmica – será que, a partir do despertar do marasmo, da hibernação, o Brasil vai acordar?
Espera-se.
O que nos mata? A corrupção, a gestão fraudulenta, a licitação superfaturada, a improbidade administrativa, o puxa-saquismo, o povo que vai “lamber” quem nos tira direito, quem nos traz inquietude, fome, desassossego… Por que não se vai visitar um doente, ao invés de se sair para cumprimentar quem nos rouba, nos atrofia? Por que tanto dinheiro para a Política fazer “política pessoal”?
Prefeitos há que não conseguem provar o contrário, e muito mais o contrário do que dizem contra eles. Uma coisa – queriam até proibir o empreendedorismo popular, cabível, tradicional – a venda de acarajé na Bahia. Rico tem que ir ao Estádio Arena Fonte Nova, em Salvador, para dar renda, mas a baiana não poderia vender seu produto? Felizmente, depois de muitos gritos, abaixaram a crista, e o saboroso quindim feito de feijão-fradinho será vendido lá no ano da Copa no Brasil, 2014.
O movimento deve continuar, tem que continuar. Falta uma pauta pré-definida, já que algumas reivindicações já foram aceitas pelos governantes. Falta muito. Tomara que o “pós-sal” venha mesmo beneficiar a Educação – quase moribunda; que os royalties do petróleo venha a amenizar essa miserabilidade, que o professor seja um pouco mais valorizado – que não-somente venha a perceber um trocado maior, mas que venha a dar menos aulas, que seja mais reconhecido e mais respeitado.
Por que o povo, nos olhos de alguns gestores, não está certo? Por que gestores se acham donos de patrimônios públicos?
O leitor viu a notícia de que ex-funcionário público federal simples acaba de comprar avião de 50 milhões de Reais? Quem? Quem lhe deu essa grana toda?
O movimento atual está maior que as Diretas-Já!, mas carece de maior organização. Acredita-se que sua performance, que deve ser dinâmica, venha a ser consumada. Caiam fora os que cobrem o rosto, e que fiquem os bem-intencionados, que os partidos políticos fiquem fora – por que não tomaram essa iniciativa antes?, que tirem as crianças do meio do conflito por ficarem em situação de risco. Etc.
Este assunto, por ser de extrema importância, vai continuar a ser comentado.
Nenhum movimento revolucionário conseguiu tanto! Se os jovens estudantes de hoje, os limpos de qualquer impureza, “tivessem apoiado” Antônio Conselheiro, naquela época sofrida no Sertão da Bahia – de que restou apenas a obra-prima de Euclides da Cunha, a República Federativa do Brasil, hoje, seria outra. A “res-publica”, a nossa coisa pública, teria tomado outros caminhos.
Fora os “lampiões” desordeiros. E que essa cara nova seja o Brasil futuro. De quem é a culpa pelos males que vivemos atualmente – do povo que estendeu prerrogativas exageradas ao Governo, e do Governo que abusa das concessões e patentes recebidas do aval popular. Que este País mude.