De quem é a culpa? (24 de abril/2013)

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“Cada um poderia tomar conta do seu na porta de sua casa ou loja”, afirmativa que, de forma despretensiosa, poderia resolver o problema do entupimento dos bueiros nas cidades brasileiras, como em Teixeira de Freitas.

Por que há morador que joga lixo no bueiro que fica na porta de sua casa? Não poderia em nenhum; pior no ‘seu’ bueiro! Por que funcionários de lojas varrem o lixo para a boca-de-lobo mais próxima de sua loja?

Incomoda ver atendentes em bares abrirem cervejas e mais cervejas jogando a tampinha em plena rua, material que facilmente seria conduzido para as bocas-de-lobo mais próximas, além de deixarem a frente do estabelecimento suja – até odor fétido surge, e tem-se aquela impressão de desleixo – detalhes outros, que o leitor já viu ou pode detectar ao passar por esses locais.

Por que não há uma vasilha onde se possam colocar esses ‘bichinhos incômodos’? Por que transformar a frente de um bar em um local desagradável pela quantidade enorme de tampilhas, que podem, inclusive, ferir uma criança?

O que se quer comentar hoje é o fato de o governo, em qualquer esfera, ter que gastar muito com o lixo jogado em lugar inadequado.

As bocas-de-lobo das cidades não servem (MAIS!) para o escoamento da água pluvial – são meros depósitos de lixo!

O Governo paulista está envolvido com a limpeza, ou “desentupimento”, do rio Tietê; querem transformá-lo em outro Tâmisa… Não se acredita fácil nisso. Seriam milhões de dólares… Mas será que o mau usuário, o mau habitante vai deixar? Em Londres, onde passa o Tâmisa, que enfeita a cidade, cujas pontes são pontos turísticos, deve haver uma conscientização, e o povo, além de aceitar essa incumbência, colaborou, e colabora. Também o Tâmisa não esteve tão poluído quanto está o Tietê! A despoluição começaria pela cabeça do sujeito, e isso seria pior que despoluir um rio… Não?

Querem despoluir a baía de Vitória, no ES! Querem despoluir a baía de Todos os Santos, em Salvador! Querem despoluir o rio Arrudas, em BH! Querem despoluir ‘o Brasil’! Seria possível?

Despolua-se a cabeça do abusado, despolua-se a filosofia do malfeitor! Despolua-se todo o indivíduo! Também governos não têm colaborado! Como assim? Por que as falcatruas induzem os maus indivíduos a darem o troco com vinganças – sujeiras, furtos, roubos, violência, todos desacreditados nas Gestões que existem de Norte a Sul. “Eta paisinho descarado!” Seria melhor se dizer: “Eta povinho descarado!”, aquelas pessoas que se enquadram no epíteto de malfeitores.

Nada mais.

Há um artigo em jornal de boa circulação que reza: “Falta de educação”. Só faltou dizer que tipo de educação e quais são os maus educados. Seria uma deseducação generalizada, difusa, e muitos seriam os responsáveis por esses descalabros.

Aliás, um momento! No Rio de Janeiro, capital, que seria extensivo a todo o Estado, está sendo introduzido o movimento para punir quem joga lixo nas ruas. Seria bom que tudo desse certo. Não seria fácil acreditar na aceitabilidade dessa proposta por “resposta” aos maus políticos. Os maus exemplos valem pontos, e por isso seria possível o povo desobedecer a essas regras. Mais um momento: em Tóquio há algo parecido, e funciona. Em Cingapura, há algo parecido, mais rigoroso, e funciona, como há em Mônaco. E aqui, no BRASIL, ou no RIO, vai funcionar?

Tomemos a reportagem: diz que “São encontrados folhas, galhos de árvore, cimento, areia, plásticos e papéis”, nas bocas-de-lobo, e tudo o mais. Isso aqui perto – em Vitória, ES. Foram recolhidas, como diz o texto, “275 toneladas de lixo retiradas de bueiros”, somente de janeiro a março deste ano.

Somente em um trimestre. Falta muita coisa. Falta educação ambiental, familiar, educação de berço.

“Sr. Prefeito, colocado um bueiro em minha porta, a não ser em caso de avalancha, ele jamais ficará entupido. Sou o responsável pela sua limpeza”. Essa seria a afirmativa de cada morador em uma cidade, adequação com que concorda o colunista.

Falta, em Teixeira, a coleta seletiva, como faltam os contentores, ou contêineres, para armazenamento do lixo momentâneo – só assim haveria uma cidade, pelo menos, mais limpa.

No Tâmisa, pesca-se truta; no Tietê, pesca-se carcaça de veículo; em Teixeira, pesca-se bicho morto; nos bueiros, peca-se toda a educação de um povo, cujos papéis podem indicar os níveis econômico e intelectual dos executores do mal de jogar lixo na boca-de-lobo.

De quem é a culpa pela sujeira exagerada?