De quem é a culpa? (11 de julho/2012)

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Brasileiros há que jamais cumprem determinações legais, e ainda fariam uso do chavão de caráter discricionário, intimidativo e oligárquico – “Você sabe com quem está falando?”

Temos um povo pacífico, ordeiro, trabalhador, sim, mas parte da sociedade se considera acima da lei e de todos. Essa parte é a que “corta” fila, desrespeita pedestre, xinga o vizinho por qualquer coisa e abusa de pessoas incautas, entre outras coisas.

É por isso que há o trabalho escravo, é por isso que há o estupro, é por isso que há o motorista que fala ao celular enquanto pilota sua máquina por ruas das cidades, é por isso que há uma interminável relação de coisas indevidas, e o praticante considera tudo normal – não teria outra visão, e por cima tem em sua mente “ainda em formação” a ideia de que “Se eu quero é porque está correto, e tudo posso…”, como se a liberdade e a democracia fossem algo pessoal, e não coletivo, como deve ser. A democracia, em bom sentido, não parte do Governo, mas do direito do povo, e se há membro do Poder Legislativo, em qualquer nível, como do Poder Executivo, que considera a democracia como legítima porque nasce na sua vã filosofia de mandar, está totalmente equivocado. A democracia nasce do povo, e com ele morre, ou subsiste. Se o povo não fizer parte dos direitos coletivos, a democracia deixa de existir. Por isso, como se sabe, ela é coletiva, e, por ser plural, não pode o cidadão como foi qualificado acima agir como age, como se fosse “único e inimputável”.

Esse é o defeito que o derrota, essa é a mazela que faz do Brasil um país de pouca credibilidade, e brasileiros sabem disso, mas continuam a cometer pequenos e grandes delitos como se os outros é que os fizessem. A punição seria para o outro, e não para eles.

Temos o brasileiro que considera fila coisa de tabareu, de gente sem princípio, que não é amiga dos “mandatários”, e por isso tem carta branca para agir como quiser.

Do estacionamento do carro à fraude de algum item que deveria ser respeitado, faz de tudo.

E se não se dá mal aqui, País em que a lei é pusilânime, lá fora se “estrepa” na farpa mais aguda, no vulgarismo da palavra que serviria, então, para qualificá-lo – por ser vulgar, por ser desrespeitoso, por ser vândalo, por ser o fora-da-lei em todas as esferas.

Isso tudo significa – “Brasileiros há realmente que se consideram acima da Lei, e como se acostumam, ou se acostumaram, a fazer o que bem pretendessem no Brasil, lá fora se dão mal”.

A manchete de um jornal de circulação nacional diz: “Itamaraty – 2.568 brasileiros estão presos no exterior”.

Que vergonha! Que coisa mais horripilante! Que imagem geram para o Brasil com suas atitudes!

O mundo inteiro tem brasileiros presos. Diz o artigo que a maior contingência está na Espanha, justamente o país que mais tem rejeitado brasileiro, e o Governo daqui diz que vai dar o troco – porque brasileiros são barrados nos aeroportos espanhóis, e de lá mesmo são deportados.

Por quê? Porque certos brasileiros querem fazer lá o que fazem e/ou fizeram aqui. Aqui, tudo passa em branco. Lá, não. Quando é que aprenderiam? Ninguém sabe responder.

A conclusão final é do leitor. Dizer que somos merecedores de crédito lá fora é algo polêmico. Melhor seria ler algumas passagens da reportagem e depois tirar conclusões:

“Um total de 2.568 brasileiros cumpre pena ou aguarda julgamento no exterior, segundo dados de 2011 do Itamaraty. (…) Outros 869 esperam para ser deportados de volta ao Brasil. (…) O Itamaraty não faz o levantamento das penas, o que impede o conhecimento de quantos estariam no corredor da morte. (…) A Espanha é o país que mais tem presos atualmente: são 950 pessoas nessa situação – 528 estão detidos enquanto aguardam deportação”. (sic)

Que resposta seria dada a quem questionasse o porquê desse comportamento? Que exemplo fica para o Direito Universal? Que legado fica para os futuros brasileirinhos e para aqueles que vivem em dificuldade neste País, ou estão presos e desejariam ter da lei um amparo melhor?

De quem é a culpa?