“Violência” é tema assustador no momento, pois provoca estresse, chegando ao ponto de causar doenças ocupacionais, pois, o trabalhador, nas suas atividades diárias, – ao sair de casa e ao voltar para ela – vem sofrendo todos os tipos de danos. Violência no trânsito, no trabalho, na rua; violência de uma forma geral – quase ninguém escapa dela, e todos têm medo de sofrer algum tipo de represália se reclamar. Não se tem um suporte para segurar; a polícia, tanto a civil como a militar, tem a máxima função de defender a sociedade, mas não dá conta.
Leitor, o comentário de hoje é sobre “a violência” (senão medo e discriminação) que as provas do ENEM vêm causando nos jovens. É algo brutal. Um professor, de cursinho e de outros níveis, além de ser mestre em faculdades, disse que as provas do ENEM estão se aproximando do vestibular clássico, isto é, estaria se aproximando, em dificuldade, das provas do vestibular, que é discriminatório, e exagerado. O resultado dessa concorrência, “um funil”, estreito e escorregadio, é a eliminação; quanto mais “tirar” gente do páreo melhor; assim a faculdade se engrandece, pois mostra que “ofereceu” o mais elevado grau de dificuldade. Deveria haver provas mais justas, e só seriam aprovados aqueles que tirassem as maiores notas, “contadas” as favas maduras, verdes ou podres, de acordo com o número de vagas. Que seja nota cinco, seis ou sete, ou o conceito que quiserem dar, de A a D, assim como o tradicional número de alternativas nas questões fechadas, chamadas de múltipla escolha.
Como o ENEM vem discriminando os jovens? Ora, o vestibular é discriminatório, e só passa quem tem muita sorte, quem tem “muito conhecimento”, quem “chuta” e dá certo, ou quem passou muitos anos na escola privada e de fato aprendeu alguma coisa. O jovem vindo de camada mais pobre, que estuda (estudou) em escola pública, também é inteligente, tem capacidade, tem dom para a função técnica, e só lhe falta oportunidade. Está com 18 anos, e tem muito que aprender. Ninguém está pronto nessa idade. Imagine um menino simples, pobre, tímido, que escreve pouco, mas tem potencial para vencer, enfrentar uma prova do ENEM, escabrosa, complicada, quilométrica, com milhares de caracteres, e interpretar tudo em pouco tempo, com questões gigantescas de Química, Física, Português, Inglês ou Espanhol, e outras linguagens, feitas por professores com 30 ou 40 anos de experiência no magistério. Pense neste quadro: cinco professores dessas áreas, todos “elaboraram” suas pegadinhas, e colocam o jovem à sua frente para, em pouco tempo, “decifrar” o que quiseram dizer, com todo o tipo de subjetividade. É duro!
Sobre as provas do ENEM deste ano, nos últimos dias 3 e 4, vem esta manchete: “Cursinhos querem anular questões”, porque o enunciado delas é confuso. A questão 85 da Área de Ciências da Natureza (prova branca) e a 106 da Área de Língua Portuguesa (prova amarela). Segundo os doutos, o enunciado dá margem para mais de uma resposta correta. Outros professores, como os do Anglo, defendem a anulação da questão 165 de Matemática (prova azul). As questões 20 e 64 da Área de Ciências Humanas (prova amarela) também foram tidas como “irregulares”.
Se for consultado outro grupo de professores, certamente, apontarão essas e talvez outras com problemas idênticos. A prova é muito longa. Não precisaria tanto. Não se defende o decoreba, mas nada houve, por exemplo, em Língua Portuguesa, que “trabalhasse” o uso da vírgula, a Reforma Ortográfica, as concordâncias nominal e verbal, a Sintaxe de modo geral. E o que se estudaria em Português – somente a “interpretação”, a visão subjetiva desses professores catedráticos, que, PARECEM, querem que o estudante saiba tanto quanto eles? Você dirige, mas não é mecânico de seu carro; dirigir bem e ser mecânico ao mesmo tempo é coisa rara.
A questão 80 da Área Ciências da Natureza, prova branca, fala sobre os tubos de PVC. E diz: “ Os tubos de PVC, material organoclorado sintético, são normalmente utilizados como encanamento na construção civil. Ao final da sua vida útil, uma das formas de descarte desses tubos pode ser a incineração. Nesse processo libera-se HC (g), cloreto de hidrogênio, dentre outras substâncias. (…) é necessário um tratamento para evitar o problema da emissão desse poluente. Entre as alternativas possíveis para o tratamento, é apropriado canalizar e borbulhar os gases provenientes da incineração em: A água dura. B água de cal. C água salobra. D água destilada. E água desmineralizada” (sic). Afinal, o que é “água dura”? Seria o gelo? Por que não colocaram, digamos, “água oxigenada” se o objetivo seria apenas confundir? Que tempo de vida útil tem o cano de PVC? Onde estavam os canos? Guardados no prédio? Os que estariam dentro das paredes? Os que estariam debaixo da terra?
Seria todo o resto desse material usado no encanamento? Quem os guardou após a construção do prédio?
Tudo é apenas para confundir. De quem é a culpa? Do próprio MEC, que cria programas enormes que confundem a mente dos jovens, e ainda vêm com uma prova que leva “dias” para ser deglutida. Há ainda quem diga que se trata de uma prova de nível “médio”. Se é que as questões não foram vistas antes, inscreva-se um professor renomado para fazer as provas, que ele corre o risco de ser reprovado.