Dizem que o “foot-ball”, para os anglo-saxões, ou “soccer”, para os ianques, é o ópio do povo. Enquanto a elite da primeira classe econômica iria para as tabernas curtir o delírio do vertiginoso entorpecente, a plebe seguia contrita, dado à sua situação sem qualquer privilégio, a enlamear-se na várzea de terra fétida e escorregadia. Ainda assim, o deleite era o máximo de cada membro da equipe. A primeira satisfação seria o sorriso escancarado, e o grito de guerra pelo gol fantástico! A alma estaria lavada e o estresse teria ido parar na galáxia mais distante!
Com nomes os mais variados e situações as mais específicas, esse é o esporte mais popular do mundo.
A plêiade exponencial ficaria no lar lendo Shakespeare, na Inglaterra, e os intelectuais do Tim Sam, ‘As sandálias do pescador’, romance consagrado outrora.
De qualquer forma, todos ficariam ocupados para não praticar o que a lei proibiria.
O esporte expandiu-se para toda a Terra ocupada, da América do Sul à África; da Europa à Oceania, e hoje todos os guetos, ou mesmo, todas as vilas têm seu campinho de terra batida para chutar uma bola – a mais moderna –, ou aquela feita de meia ou de bexiga de boi.
É uma arte, e essa arte, nos pés desses heróis anônimos, nunca seria tampouco foi deturpada. Mas só foi cair nas mãos de poderosos, para começar a sacanagem – o futebol passou a viver sob a mira dos ricaços para lhes trazer vantagens de todos os tipos.
Como o futebol se alastrou de forma negativa? A partir do momento em que começaram a endeusar jogadores; a contar da hora em que passaram a pagar milhões por um chute certeiro de jogador habilidoso. Só Mané Garrincha, no Brasil, um dos mais habilidosos, não ganhou o dinheirinho merecido, e ainda se enveredou pelo campo de várzea da ‘marvada’, chegando a andar fora de si, já derrotado, pelas ruas de Pau Grande, seu lugarejo de origem no interior fluminense.
Os estádios-fantasma. Os gastos exorbitantes.
Até um cartão de crédito de bandeira internacional que fomenta o futebol acaba ajudando o esporte a ser badalado. Não que esse plástico-dinheiro tenha culpa pela corrupção futebolística, mas o cartão cobra caro de seus usuários e passa parte do que ganha a quem não merece – os cartolas abusados e extravagantes. Quantos ainda existem no Brasil?
Cartão há que tem dinheiro porque cobra juros escorchantes. Por que o Governo não intervém nesse campo? Iria desagradar a poderosos? O Governo só tem força com os mais fracos? A corda só quebra no lado esfarrapado?
Tudo isso só dá no que dá – a corrupção. A CBF, que usurpa direitos, segundo um senador, ex-jogador, vem praticando atos indevidos há muito tempo. Ele sempre denunciou essa gente, mas não levaram sua fala a sério.
Até o polêmico Maradona, que condena o Rei do Futebol, disse isto: “Eu avisei, mas me chamaram de louco”. Ele está falando sobre o escândalo da corrupção na Fifa.
O nosso conhecido ex-craque-senador disse com empolgação: “É o início de um grande futuro para o nosso futebol, especialmente para a entidade mais corrupta que tem no esporte brasileiro, que é a CBF, e mundial, que é a Fifa”. Romário (PSB-RJ), sobre a prisão na Suíça de José Maria Marin e outros dirigentes da Fifa.
Há muito tempo, Romário vem dizendo que a CBF faz o futebol brasileiro regredir, com base ainda na atuação de outros dirigentes da nossa entidade máxima do futebol.
Teve razão, tem razão? Também não foi levado a sério? Agora, ele espera que esse esporte no Brasil venha a melhorar. Esperemos todos!
O famoso colunista Elio Gaspari fez este relato: “A CBF e Marin. Se a CBF do doutor Marco Polo Del Nero realmente não queria prejulgar o antecessor José Maria Marin, não deveria ter tirado o nome dele da sua sede.” E diz mais: “Vale lembrar que Marin herdou de seu antecessor, Ricardo Teixeira, um jato de 18 lugares e um helicóptero Agusta de US$ 14 milhões. Marin e Del Nero moram em São Paulo, e a CBF tem sede no Rio. O Agusta era usado como equipamento de mobilidade urbana pela dupla”.
O que se pode deduzir dessa afirmação? Existe denúncia maior que uma desse naipe? Para onde vai nosso futebol vivendo um mundo desse tipo? Como é a atuação de cada entidade estadual nessa área?
E mais: por que os estádios ficam vazios? Por que há violência no futebol? Por que o povo paga caro para curtir ‘seu ópio’?
De quem é a culpa? De dirigentes ruins. Do endeusamento a jogadores. Do fato de haver marketing em excesso sobre esse esporte, sem de fato haver uma forma popular e segura de levar os torcedores aos estádios?
Quem o sustenta é o povão, mas esse nem sempre é bem recebido. Você tem acesso fácil a estádios, e não corre nenhum risco?
A resposta mais adequada: que o futebol vai mal, ninguém pode negar.