Por Almir Zarfeg
Estamos prontos para que o espírito natalino nos cubra da cabeça aos pés com seu manto de promessas, votos e felicitações.
O velhinho lúdico há de nos livrar da maldade urbana, das armadilhas da crise climática e do olho gordo dos amigos da onça…
Enchamo-nos de cânticos e cores, paz, esperança e muita apetência (que ninguém é de ferro) – parcelada em suaves prestações a serem quitadas ou prescritas no decorrer do ano vindouro.
O Menino-Deus nos seja acessível; seu pão substancioso mitigue nossa fome de amor e realização; sua prodigalidade nos torne a caminhada leve, como as nuvens que vão e vêm ao sabor do vento amigo!
Batei e abrir-se-vos-á, espíritos natalinos. Até porque esta casa continua santa, a mesa (felizmente) farta. A porta não há de resistir ao toque mágico de vossa manopla pródiga de preces e adeuses!
Assim na terra como no céu, abençoados os homens de boa vontade, noite feliz, noite feliz!
Essa árvore testemunhou coisas, meus caros convivas, de que até Papai Noel duvida; momentos especiais e outros nem tanto; guerras, armistícios, a vitória dos aliados, revoluções, a descoberta do afeto e sua perda; o apogeu e a decadência do império norte-americano, etc.
Vamos nos perder no presépio de símbolos e presentes; meu Ai-Jesus, vamos nos embriagar de vinho e alegria; vamos nos fartar de carne branca e feijão com arroz; meu pobrezinho, vamos cavalgar à procura da estrela fujona nos cafundós do Brasil.
Assistiremos iluminados aos cantares natalinos e, à meia-noite em ponto, Bob, Tim e Gorim vão nos visitar como fazem todos os anos. Pela enésima vez, vão nos repetir que a avareza não vale a pena e, também, nos desejar um feliz Natal!
— Tintim, meus amigos!
— Agora é para sempre!
O menino que acaba de nascer é o mesmo que enterramos ontem, num ritual inconsciente e sempre, reeditando o milagre da vida e da morte. Por isso mesmo, não nos assustemos e tal. Fonte: Por Almir Zarfeg