Cris ‘Cyborg’ admite falhas em nocaute sofrido para Amanda: “Agi na emoção”

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Cris Cyborg
Cris Cyborg antes da luta contra Amanda Nunes (Brandon Magnus/Zuffa LLC/Zuffa LLC via Getty Images)

A palavra “resignação” define Cris ‘Cyborg’ pouco mais de duas semanas após perder o título dos pesos-penas (66 kg) do UFC. A ex-campeã admitiu que, na derrota para Amanda Nunes, no UFC 232, não fez o que treinou ao longo dos nove meses de preparação para o duelo. Em entrevista ao canal do YouTube do site ‘PVT’, a paranaense reconheceu que agiu “totalmente na emoção” e que isso a expôs aos golpes da agora detentora dos cinturões dos galos (61 kg) e da categoria mais pesada entre as mulheres.

Invicta de 2005 a 2018, ‘Cyborg’ afirmou que o ‘instinto’ falou mais alto e que não lembra direito do combate, no qual acabou nocauteada em 52 segundos. Serena, a brasileira afirmou que foi “o dia” de Amanda.

“Depois da luta eu não cheguei a ficar triste. Eu sempre tive isso certo na minha cabeça: um dia você perde, no outro você ganha. Eu treino, sempre treinei muito. Então, quando você perde uma luta, você não vai pensar assim: ‘Putz, eu deveria ter feito aquilo. Ou faltei aquele treino’. Não. Eu não tinha nada que não estivesse marcado: fiz esse treino, fiz aquele treino, fiz tudo. Na verdade, na luta eu não fiz o que eu treinei. Agi totalmente na emoção, que era uma coisa que eu não estava fazendo faz tempo. Vê a luta da Holly Holm, foi totalmente diferente. E essa luta eu nem lembro dela direito. Agi totalmente na emoção, totalmente fora do que eu tinha treinado”, falou.

“E o que eu sempre penso é o que eu sempre falei, que eu não iria ser invicta para sempre. Acho que fui abençoada de ter ficado tanto tempo invicta. Fiquei 13 anos. Fiquei dez anos campeã. Um dia acontece. E o dia da Amanda foi aquele dia. E quando você vai para a trocação, é 50% para cada lado. A gente tinha treinado para não fazer isso. Era para trabalhar, como aconteceu com a Holly Holm. Mas o instinto, ali, aconteceu”, lamentou.

Cris declarou que não ficou chateada imediatamente após a luta e que, ao abraçar Amanda ainda no octógono, sentiu “que nem ela acreditava” no triunfo histórico. Segundo a paranaense, a razão da tristeza foi não ter mostrado tudo o que havia treinado. Ainda assim, ‘Cyborg’ declarou que se sentiu aliviada.

“Eu não sei explicar, mas caiu um peso das minhas costas. Eu não sei explicar, mas saiu um peso das minhas costas. (…) Eu realmente sei o que o Anderson (Silva) sentiu, o que talvez o (José) Aldo tenha sentido na luta dele (contra Conor McGregor)… Sai um peso. Após a luta, a primeira coisa que eu fiz foi mandar uma mensagem pedindo uma revanche. Luta é assim: quero a revanche. Aí a Amanda já mandou resposta falando em dois anos para dar a resposta. Eu pedi a revanche, mas se não acontecer, eu vou continuar. Eu quero a revanche porque eu acredito que mereço, por todo o tempo que eu fiquei invicta. Mas, se não acontecer, está nas mãos de Deus, a Amanda tem que aceitar também”, disse.

“A minha primeira luta eu perdi, pedi a revanche e nunca tive. E não foi isso que parou o meu legado. Continuei lutando. Tenho muito o que aprender. Até o (Evangelista) Cyborg falou: ‘Cris, já assistiu a sua luta?’. Eu falei com ele uns dois, talvez uns três dias depois da luta. Eu falei: ‘Eu não. Não vou assistir aquela luta’. E ele: ‘Não, não, você vai assistir aquela luta. Assista 100 vezes aquela luta’. E eu assisti. Chegou a doer. Mas eu assisti, porque ele falou: ‘Cris, a gente assiste para ver no que a gente errou, e não fazer novamente’”, lembrou.

‘Cyborg’ foi campeã do extinto Strikeforce, do Invicta e do UFC. Ela fez seis eventos na maior organização de MMA do mundo, ganhando cinco e perdendo apenas o seu último duelo, contra Amanda — agora campeã dos galos e dos penas.