Criança e os conceitos capitais

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Esta perto do Dia das Crianças, e nada mais interessante nesta data do que fazermos uma reflexão sobre a situação de nossas crianças no atual contexto social. A constituição assegura-lhes saúde, alimentação, educação, lazer, tudo que se faz indispensável ao bom desenvolvimento humano. Entretanto, como comumente acontece, todos estes direitos nunca ultrapassam os limites do papel, jamais partem do abstrato, indo para o plano das realizações, fazendo parte das ações dos líderes deste País.
A realidade que vemos denota o descaso com nossos infantes; antes de começarmos a tecer tal crítica, cabe um comentário: os únicos que realmente têm tais direitos assegurados são os que estão no ápice da pirâmide social, a burguesia atual. Ou seja, uma pequena minoria desfruta daquilo que é especificado como direito de todos. Como vemos, o todos cada vez mais significa menos pessoas.
As crianças desta “Nação” vivem como suas famílias, abaixo da linha da pobreza, sobrevivendo com pouco mais de R$ 2,00/dia. Atualmente há escolas para todos, sim, porém, os poderosos “donos-de-tudo” ainda não providenciaram um ambiente saudável de aprendizagem, condições que facilitem o processo educativo às crianças das áreas pobres. Estas vão à escola, muitas vezes, apenas pela merenda que lá é fornecida, não dando a importância devida aos estudos. Como culpá-las? Seria injusto. Afinal, como ter motivação de estômago vazio, oriundas de um ambiente familiar no qual não há uma presença de agentes motivadores para estudar; onde o que impera é a ausência de quase tudo.
É difícil tecermos comentários sobre este assunto, existem muitas questões aí inclusas, questões que ultrapassam o senso comum, já que em alguns casos surgem excelentes alunos do âmago de famílias das classes subalternizadas. Mas, sabemos que são raras exceções dentro da triste realidade que vivenciamos.
Fica evidente em nosso contexto social a exclusão, a delimitação de uma classe como a marginalizada e dela subtraídos qualquer direito que a torne equiparável às classes favorecidas. Nossas crianças têm sofrido muito neste meio social excludente, em que a desigualdade vem se arraigando entre a população mundial. Os interesses agora são na produção de riquezas, para tanto, através de práticas excludentes, obrigam os filhos dos proletários a educarem-se a fim de serem mantenedores do atual sistema capitalista. A educação do pobre está para atender aos interesses do capital, formar trabalhadores para fazer a engrenagem do capitalismo mover-se.
Diante deste quadro é notório que as veem como futuro da Nação, resta saber qual a concepção que os líderes do País têm de futuro, dado os objetivos que regem o mundo globalizado. Parece que seria algo meio que robotizado, multifuncional, algo assim. Pobres crianças!