Somente em 2024, mercado ilegal gerou perdas de R$ 471 bilhões; Receita Federal lança painel com nomes e valores dos maiores infratores
Foto: Rafaela Felicciano
A Receita Federal lançou na última sexta-feira (20) um painel interativo que revela os maiores responsáveis pelo contrabando no Brasil entre os anos de 2023, 2024 e 2025. A lista tem base em 58.794 processos fiscais e inclui cerca de 37.952 contribuintes, entre pessoas físicas e jurídicas, acusados de causar prejuízos de R$ 2,33 bilhões aos cofres públicos.
Entre os itens mais afetados, os destaques são:
- Cigarros: R$ 848 milhões
- Celulares: R$ 485,8 milhões
- Eletrônicos (gerais): R$ 172,5 milhões
- Informática: R$ 116,9 milhões
- Agrotóxicos: R$ 55,7 milhões
O painel também apresenta os contrabandistas infratores. No topo do ranking está a empresa Solos do Sul Serviços Prediais e Transportes Ltda, com R$ 38,7 milhões em representações por contrabando de agrotóxicos. Entre pessoas físicas, destaque para Anderson Santos da Silva, autuado em R$ 11,1 milhões por importação irregular de eletrônicos.
Cabe destacar o estado do Paraná, que lidera com R$ 1,1 bilhão em representações fiscais por contrabando. Esse valor equivale a quase metade de todo o prejuízo nacional.
No Tocantins, os celulares dominam o cenário de apreensões, enquanto os cigarros, geralmente destaque em outras regiões, somaram apenas R$ 7 mil em infrações.
O que pode acontecer com quem contrabandeia?
Os listados no ranking estão sujeitos a multas milionárias, ações penais e sanções administrativas, como a suspensão de CNPJs e a inscrição em listas de risco fiscal. A Receita afirma que os dados referentes ao contrabando no Brasil serão atualizados mensalmente.
Prejuízo geral
Dados do último Anuário da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) revelam que o mercado ilegal, incluindo contrabando, fraudes fiscais, pirataria e sonegação gerou um prejuízo estimado de R$ 471 bilhões em 2024, um crescimento de 27% em relação ao ano anterior.
Os setores mais afetados foram:
- Bebidas alcoólicas: R$ 86 bilhões
- Vestuário: R$ 51 bilhões
- Combustíveis: R$ 29 bilhões
- Defensivos agrícolas: R$ 20,5 bilhões
- Perfumaria e cosméticos: R$ 21 bilhões
- Cigarros ilegais: R$ 10,5 bilhões
A ABCF destaca ainda o avanço do crime organizado, que se utiliza do contrabando como principal fonte de financiamento, com forte presença nas regiões de fronteira e grande capacidade de distribuição interestadual.
Os números mostram a dificuldade das autoridades em conter o fluxo bilionário de mercadorias ilegais. O cruzamento dos dados da Receita com os do Anuário da ABCF revela que o contrabando deixou de ser um problema pontual e tornou-se um fenômeno nacional e totalmente interligado a organizações criminosas. Fonte: Brasil 61