Considerações sobre o sistema de saúde no Brasil

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carlos-mensitieriÉ sabido de todos que o sistema de saúde no Brasil estava doente, entretanto, não se podia imaginar que caminhava para o coma profundo.

Num só dia, domingo 3 de julho passado, a rede globo mostrou duas reportagens, no fantástico, sobre a saúde no Brasil: uma sobre a máfia do SAMU, onde as pessoas atendidas tinham o seu estado de saúde intencionalmente piorados pelos atendentes, tanto através da aplicação de drogas, quanto pela não aplicação dos medicamentos necessários, para que os pacientes fossem levados diretamente a uma UTI de um hospital particular, isto quando constatado que os mesmos possuíam planos de saúde; outra abordando a manipulação genética irregular feita pelo médico-monstro Roger Abdelmassih, que ainda estuprou dezenas de mulheres entre 1990 e 2008.

Temos visto de tudo na área da saúde: todo o tipo de descaso, de corrupção, de desvio de verbas e de erros médicos, entre outros. Isto não apenas na área da saúde pública, mas também na particular. Até onde chegaremos com este desserviço à população brasileira? O que será necessário fazer para a humanização da saúde o Brasil?

Podemos começar uma análise crítica da área da saúde pela formação dos profissionais. Muitos escândalos têm aparecido na mídia com relação às faculdades e escolas de medicina, onde a qualidade em algumas são muito baixas, onde não existe nem um hospital na cidade para o aprendizagem dos alunos e outras até vendem as suas vagas, essas investigadas e punidas pela polícia federal.

E com relação aos enfermeiros e técnicos de enfermagem, o que podemos esperar de profissionais formados em escolas de péssima qualidade sem contato com os pacientes? Como podem fazer um bom atendimento e um bom trabalho sem uma boa instrução e sem a prática? Realmente, esses profissionais não conseguirão desempenhar um papel eficiente na sua profissão no trato com as pessoas atendidas.

Na esfera política, os desvios de verbas, as corrupções e o descaso estão na mira da polícia federal e estamos assistindo uma avalanche de denúncias e prisões dos envolvidos e este já é um grande passo.

Noutro giro, alguns desvios relacionados aos profissionais da área de saúde, podem ser trabalhados reversivamente de forma positiva para a humanização desta área, desde que o processo comece pela punição das faculdades fraudulentas e melhoria das deficitárias, e se estenda aos profissionais que não se enquadram na melhor forma de atendimento com contornos de caráter ético, sociocultural, infra estrutural, psicossocial, etc.

O que realmente falta a muitos profissionais da saúde é o amor à profissão e a vocação para cuidar das pessoas. Parece que a medicina virou uma indústria com o objetivo de se ganhar dinheiro, levar vantagem e buscar o status quo. Por isso é imprescindível que sejam tomadas as providências para alcançarmos a total humanização da Saúde, sendo necessário para isto investir em uma comunicação específica para a área e aberta às relações interpessoais. A partir daí, avançaremos na preservação da saúde em todos os sentidos e, principalmente, no mais fundamental: o sentido da vida.