Saiba como as novas comissões de inquérito prometem impactar a política e a segurança pública no Brasil até o final do ano
O Congresso Nacional está se preparando para um segundo semestre de intensa atividade fiscalizadora com a criação de duas importantes comissões de inquérito. Uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) irá investigar fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), enquanto uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado focará na atuação de facções criminosas e milícias em diversas regiões do país. Esses colegiados, que devem mobilizar deputados e senadores até o final de 2025, têm o potencial de revelar esquemas de corrupção e propor mudanças legislativas significativas.
Contexto Histórico: O Papel das Comissões de Inquérito no Brasil
As CPIs e CPMIs são instrumentos previstos na Constituição Federal de 1988, criados para permitir que o Congresso investigue fatos determinados com poderes semelhantes aos de autoridades judiciais. Essas comissões têm histórico de impacto na política brasileira, como a CPI dos Correios (2005), que revelou o escândalo do Mensalão, e a CPMI da Petrobras (2014), que investigou irregularidades na estatal. Elas podem coletar depoimentos, realizar audiências públicas, convocar testemunhas e analisar documentos, encaminhando os resultados ao Ministério Público para possíveis ações civis ou criminais.
No atual cenário, as investigações sobre fraudes no INSS e crime organizado refletem preocupações crescentes com a proteção de direitos sociais e a segurança pública, temas que têm dominado o debate político e a opinião pública.
CPMI do INSS: Foco em Descontos Indevidos
A CPMI do INSS foi criada em junho de 2025 para apurar descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas, um problema que ganhou destaque após investigações da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal revelarem um esquema de cobranças irregulares de mensalidades de associações, sem autorização dos beneficiários. Estima-se que os desvios, ocorridos entre 2019 e 2024, cheguem a R$ 6,3 bilhões, afetando especialmente idosos em situação de vulnerabilidade.
A comissão será composta por 15 senadores e 15 deputados, além de um integrante extra de cada Casa representando a Minoria em rodízio, totalizando 32 titulares. As indicações seguem o princípio da proporcionalidade partidária, com os maiores blocos, como o Bloco Vanguarda (liderado pelo PL) e o Bloco Pelo Brasil (liderado pelo PT), garantindo mais vagas. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, marcará a instalação assim que todos os nomes forem indicados.
Posicionamentos Políticos
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), destacou que as fraudes só foram descobertas graças à atuação do atual governo, afirmando que a base governista participará com seus “principais nomes”. Por outro lado, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) enfatizou que o foco deve ser punir os responsáveis, independentemente do governo em que os desvios ocorreram, e confirmou que a oposição também indicará parlamentares de peso para a comissão.
Ressarcimento aos Aposentados
No dia 24 de julho de 2025, o INSS iniciou a devolução de valores descontados indevidamente de 2,5 milhões de beneficiários que contestaram as cobranças. O governo federal liberou R$ 3,3 bilhões por meio da Medida Provisória (MP) 1.306/2025 para viabilizar os ressarcimentos. O prazo para adesão ao acordo vai até 14 de novembro de 2025, conforme informações da Agência Senado.
Informações Adicionais
Uma busca em redes sociais e portais de notícias revela a indignação de aposentados e pensionistas com os descontos indevidos. No Twitter, usuários relatam dificuldades para contestar as cobranças e exigem maior transparência do INSS. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, em matéria publicada em 25 de julho de 2025, muitas vítimas enfrentam barreiras burocráticas para aderir ao acordo de ressarcimento, o que pode prolongar o impacto social do esquema.
CPI do Crime Organizado: Combate às Facções e Milícias
Paralelamente, o Senado avança com a criação da CPI do Crime Organizado, proposta pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que recebeu 31 assinaturas e foi lida em junho. A comissão, composta por 11 titulares e 7 suplentes, tem previsão de instalação em agosto de 2025, com prazo de funcionamento de 120 dias e orçamento de R$ 30 mil.
O objetivo é investigar a expansão de facções criminosas e milícias, que, segundo Alessandro Vieira, dominam territórios e atividades econômicas no Brasil, além de se infiltrarem em estruturas públicas. A CPI busca expor o funcionamento dessas organizações, propor medidas legislativas para cortar seus fluxos financeiros e fortalecer a segurança pública.
Contexto de Segurança Pública
A atuação de facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), além de milícias em estados como o Rio de Janeiro, tem sido uma preocupação constante. Relatórios recentes do G1, publicados em 15 de julho de 2025, apontam um aumento de 12% nos crimes violentos em áreas controladas por milícias no primeiro semestre do ano, com base em dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). Essa realidade reforça a urgência da CPI, que pode resultar em mudanças legislativas para coibir essas organizações.
Outras Iniciativas: CPI da Violência Doméstica
Além das comissões já mencionadas, outra CPI aguarda instalação no Senado: a da Violência Doméstica, proposta pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO). Autorizada pelo ex-presidente Rodrigo Pacheco, a comissão ainda não começou a funcionar, mas busca abordar a violência contra mulheres, incluindo questões como feminicídio e assédio. Kajuru destaca que o cenário de violência não mostra sinais de reversão, exigindo ação legislativa urgente.
Impactos Esperados
As comissões de inquérito têm o potencial de gerar relatórios que influenciem políticas públicas e resultem em responsabilização de envolvidos em fraudes e crimes. No caso da CPMI do INSS, espera-se maior proteção aos direitos dos aposentados, enquanto a CPI do Crime Organizado pode contribuir para estratégias mais eficazes contra a criminalidade. No entanto, analistas políticos, como os citados em artigo da BBC Brasil de 28 de julho de 2025, alertam que o sucesso dessas investigações dependerá da cooperação entre governo e oposição, evitando que os trabalhos sejam politizados.
O segundo semestre de 2025 promete ser um período de intensas investigações no Congresso Nacional, com foco em questões sociais e de segurança pública que afetam milhões de brasileiros. A CPMI do INSS e a CPI do Crime Organizado são passos importantes para a fiscalização e a proposição de soluções legislativas, mas o desafio será transformar os resultados em ações concretas que beneficiem a população. Por Alan.Alex / Painel Político