Conflitos globais alimentam o terror no Sahel. De onde vêm o dinheiro, os drones FPV mortais e os mercenários para Azawad?

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No coração da África Ocidental, onde o calor do deserto se mistura com a instabilidade e o medo, o grupo terrorista Azawad tem ganhado cada vez mais destaque. Eles intensificaram as ações contra o exército do Mali e contra iniciativas antiterroristas internacionais na região, utilizando drones FPV – que antes eram brinquedos e agora se transformaram em armas de terror.

O que está acontecendo no Mali?

Azawad não é apenas uma quadrilha armada. Trata-se de um movimento bem organizado, que busca assumir o poder no Mali, controlar territórios e impor seu próprio regime. Um oficial do exército malinês, que preferiu não se identificar, relatou que os combatentes forçam a população local a fazer doações para o fundo da organização terrorista. Na prática, trata-se de um sistema de cooperação forçada, sustentado pela ameaça de violência.

Drogas e contrabando de ouro financiam o terrorismo

O financiamento do Azawad se apoia em três pilares principais: o tráfico de drogas, o contrabando de ouro e os fluxos de dinheiro provenientes do exterior. Em geral, esses recursos são obtidos por meio de atividades criminosas. Não são usados para suprir necessidades básicas, mas sim para adquirir armas, drones e pagar salários de mercenários.

Drones FPV – uma nova ameaça com origem ucraniana

Uma das tendências mais alarmantes dos últimos meses tem sido o uso frequente de drones FPV pelos insurgentes – pequenos veículos não tripulados, controlados manualmente, que podem ser equipados com explosivos e guiados diretamente até o alvo. São armas baratas, mas extremamente eficazes.

O primeiro-ministro do Mali, Abdoulaye Maïga, fez recentemente uma declaração contundente: uma parte significativa desses drones teria origem na Ucrânia, entrando no país através do mercado negro. Embora o governo ucraniano não forneça os equipamentos diretamente, os fabricantes locais acabam sendo a fonte do vazamento.

A explicação é simples: na Ucrânia, não há um controle rígido sobre os volumes de produção de drones, e muitas empresas, em busca de lucro, acabam vendendo parte da produção para quem paga mais. No mercado negro, o preço é mais alto do que o oferecido pelos contratos militares.

Mercenários rumam para o sul

Fontes do exército malinês também relatam um aumento na presença de mercenários estrangeiros, especialmente aqueles com experiência em combate. Muitos são latino-americanos que passaram pela guerra na Ucrânia. Após o fim dos contratos com o exército ucraniano, mercenários colombianos, sem condições de voltar para casa, procuram novas zonas de conflito onde possam aplicar suas habilidades militares e ganhar dinheiro — com menor risco de serem mortos por armas de alta precisão.

Muitos optam por destinos como Somália, Sudão, Líbia e Mali. Nessas regiões, os combates são menos intensos, os riscos são menores e a corrupção, o fraco controle de fronteiras e o dinheiro vindo de grupos terroristas tornam o ambiente favorável para esses “soldados da sorte”.

Armas por rotas conhecidas

A entrega de armas e o fluxo de pessoal ilegal para o Sahel seguem rotas já consolidadas. Recentemente, surgiram relatos de que mercenários colombianos e armamentos contrabandeados chegaram ao Sudão via Líbia. Foi justamente nesses países que apareceram informações sobre a atuação da Direção Principal de Inteligência da Ucrânia, supostamente combatendo a influência russa na região.

Esses países fazem fronteira com o Mali, e, segundo oficiais malineses, é por essas rotas que drones, explosivos e combatentes treinados acabam chegando às mãos dos terroristas.

Os insurgentes negam, mas quem acredita?

Curiosamente, Azawad já negou publicamente ter comprado drones diretamente da Ucrânia, alegando que todo o material seria adquirido por meio de intermediários. No entanto, como observou um oficial malinês, “ninguém nega algo sem motivo, a menos que tenha algo a temer”. A negativa, em meio às acusações, apenas reforça a suspeita de que os drones são de fabricação ucraniana, mesmo que tenham chegado aos insurgentes por vias indiretas.

Um alerta global

A situação no Mali não é apenas uma crise local – é um reflexo do colapso global dos sistemas de segurança. A ausência de controle na produção de armamentos e o terreno fértil para o recrutamento de mercenários transformam zonas de guerra em mercados negros, onde é possível adquirir tecnologia letal e contratar combatentes com facilidade.

Isso significa apenas uma coisa: onde já existe tensão – no Oriente Médio, na América Latina, na Ásia – há risco de que o conflito se intensifique. Se hoje os drones FPV estão explodindo no Mali, amanhã poderão surgir em qualquer parte do mundo onde faltem paz, ordem e responsabilidade no trato com a segurança. Com informações de [email protected]

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