1ª parte – O citomegalovírus (CMV) é um vírus herpes que predomina principalmente em regiões pobres e carentes de recursos, educação e higiene, pois se dá por contágio. Tem sintomas semelhantes à mononucleose e exige exames detalhados e tratamento, principalmente cuidados higiênicos. Nem todos os bebês, porém, nascidos de mães com CMV apresentam também diagnóstico para a doença.
Citomegalia
A massa de protoplasma que contém um núcleo e que constitui a unidade básica dos seres vivos é chamada célula. A citologia, que é o estudo das células, ganhou novas dimensões a partir da microscopia eletrônica, segundo Dr. Morris Fishben, autor da Enciclopédia Familiar de Medicina e Saúde. É essa facilidade que permite identificar os vírus que se instalam nas células, como o citomegalovírus.
Desmembrando-se a palavra, temos “cito” (para célula), “megalo” (que indica aumento, intumescimento do núcleo e do citoplasma da célula), e ‘vírus’ (o agente causador da citomegalia).
A citomegalia é mais comumente encontrada em países subdesenvolvidos, especialmente onde as condições de higiene são precárias, pois sua contaminação se dá quando a pessoa entra em contato com secreções do organismo como urina, esperma, secreções cervicais e vaginais, fezes, sangue e até mesmo o leite materno.
Da mãe para o Filho
Segundo Dr. Vitor Ramos de Souza, o citomegalovírus, assim como muitos outros (mononucleose, parvovirose, HTLV-1 e 2, Hepatite B e C etc) podem ficar escondidos dentro do DNA da célula do paciente. O citomegalovírus pode ser transmitido da mãe para o filho, via placenta.
O médico afirma que não é tão fácil o diagnóstico laboratorial – separar o que é realmente doença (presença do vírus e até sintomas) – e o que possa ter sido transmitido pela placenta da mãe para o nenê, ou seja, os anticorpos, que são só uma presença temporária no organismo da criança enquanto ainda no ventre da mãe.
A mãe pode contrair o vírus por uma ou mais das formas descritas acima. Desse modo, se a mãe, durante a gravidez, não observa os cuidados mínimos de higiene recomendados e não faz o pré-natal, ela pode ignorar que está contaminada.
Dr. Vitor explica que quando uma gestante está sob suspeita de citomegalovirose e que poderia passar o vírus para seu feto via placenta, normalmente o médico inicia pedindo um teste para ver se a mãe tem sinais sorológicos da doença. Esse teste, de acordo com o médico, inclui a pesquisa de anticorpos da classe IgG e IgM para o citomegalovírus no sangue materno.
Se o teste der negativo, apesar dos sintomas, relata, ele muda de suspeita diagnóstica. Os testes de laboratório são um dos instrumentos decisivos, portanto, para a conclusão do diagnóstico. E se, porém, os testes forem positivos, o Dr. Vitor diz que as coisas complicam um pouco, pois não necessariamente o feto estará com a virose.
Como sair do dilema? Este é um assunto um tanto vasto, afirma Dr. Vitor, mas pode-se fazer um teste no sangue materno para ver se a doença está presente há poucos ou há muitos meses – trata-se do teste de avidez de IgG para citomegalovírus.
Os bons laboratórios das capitais, principalmente em São Paulo, fazem esse tipo de teste e há outros que, segundo Dr. Vitor, também o fazem com igual eficácia, provavelmente até com custo menor.
Se o teste for negativo, afirma ele, sugere um contágio antigo e não seria a causa provável do problema. Agora, se for positivo (com baixa avidez), poderá ser esta a causa. As análises podem também prosseguir com uma técnica chamada PCR, que detecta o genoma viral circulante ou até dentro do DNA humano. Continua.
Fontes: Dr. Vitor Ramos de Souza, médico especialista em análises clínicas. Departamento de Saúde do Novo México.