China negocia compra maciça do etanol brasileiro

9

China quer etanol brasileiro e mira acordo bilionário para produzir 46 milhões de toneladas de combustível sustentável de aviação por ano até 2030

Escrito por Bruno Teles
China quer etanol brasileiro e aposta na cana-de-açúcar para cumprir meta de 46 milhões de toneladas anuais de combustível sustentável
China quer etanol brasileiro e aposta na cana-de-açúcar para cumprir meta de 46 milhões de toneladas anuais de combustível sustentável

China quer etanol brasileiro como insumo central na sua estratégia de produção de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF). Autoridades chinesas discutem com o governo brasileiro um acordo de fornecimento de longo prazo que pode movimentar bilhões de dólares, colocando o Brasil como peça-chave na transição energética da segunda maior economia do mundo.

Segundo apuração da Folha, a negociação envolve representantes da China Petroleum and Chemical Industry Federation (CPCIF), da Chimbusco — subsidiária da PetroChina — e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A meta da China é atingir 3% de mistura de SAF em seus voos até 2030, produzindo 46 milhões de toneladas por ano, e o etanol de cana-de-açúcar brasileiro é visto como a alternativa mais viável.

Por que o etanol brasileiro é estratégico para a China

A China enfrenta limitações de terras agrícolas para culturas não alimentares e baixa produção interna de etanol. Entre as quatro rotas tecnológicas avaliadas para produção de SAF — óleo reciclado, combustível sintético, hidrocarbonetos e etanol —, a cana-de-açúcar brasileira se destaca pelo alto potencial de escala, custo competitivo e menor impacto ambiental.

O presidente Xi Jinping afirmou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a parceria pode se tornar exemplo de “unidade e autossuficiência” entre países do Sul Global. Segundo Xi, a cooperação permitirá à China e ao Brasil evitar regras impostas por terceiros, como os Estados Unidos, que já aplicaram tarifas elevadas ao etanol brasileiro.

Etanol e geopolítica energética

China quer etanol brasileiro não apenas pela eficiência energética, mas também como movimento estratégico frente à disputa comercial global. O protocolo técnico para padronização do SAF, atualmente em fase final na CPCIF, permitirá que o produto brasileiro se adeque às exigências do mercado chinês.

As negociações incluem fundos bilaterais de financiamento verde e mecanismos do Brics para baratear investimentos, além de estudos para recuperação de pastagens degradadas no Brasil visando ampliar a produção de biocombustíveis. A proposta é financiar projetos com juros baixos e proteção contra variação cambial.

Próximos passos da parceria

O Brasil pretende assinar, durante a COP30 em Belém, um memorando de entendimento (MoU) com o China Council for the Promotion of International Trade (CCPIT) para cooperação em comércio sustentável. Além do etanol, o documento deve abordar certificações ambientais de produtos agropecuários, permitindo que selos como Carne Carbono Neutro (CCN) e Carne Baixo Carbono (CBC) sejam aceitos pelo mercado chinês.

O alinhamento também reforça a integração com o Novo PAC e a Iniciativa Cinturão e Rota, fortalecendo a presença brasileira em cadeias produtivas estratégicas e diversificando mercados para o agronegócio.

Impacto para o Brasil

Especialistas apontam que, se o acordo for consolidado, o Brasil poderá expandir suas exportações de etanol, agregar valor à produção e atrair investimentos em infraestrutura de logística e refino. Ao mesmo tempo, será necessário equilibrar o fornecimento interno e externo para evitar impacto nos preços domésticos.

Você acredita que o fato de a China quer etanol brasileiro para seu combustível de aviação representa uma oportunidade histórica para o Brasil ou um risco para o abastecimento interno? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem acompanha de perto o setor de energia e comércio exterior. Fonte: clickpetroleoegas.com.br

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui