Cheia de rios afeta 2,5 mil famílias e prejudica agricultura no AM

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A produção de hortaliças e frutos que abastece municípios das calhas do Juruá, Solimões e Purus – no interior do Amazonas – foi impactada pela cheia dos rios. A Federação de Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea) recomenda que produtores antecipem a colheita. Nas últimas semanas, a enchente também fez duas cidades decretarem emergência, cinco entrarem em alerta e deixou outras sete em estado de atenção. Desde o início de 2017, mais de 2,5 mil famílias foram afetadas. Elas recebem ajuda da Defesa Civil, que montou plano para ser usado em caso de “grande cheia”.

Mesmo fazendo parte de um ciclo natural dos rios amazônicos, que se repete anualmente nos primeiros meses do ano, o período de cheia causa impactos diretos na vida de ribeirinhos que vivem no Amazonas. Ruas e casas são invadidas pela água. Imagens registradas pela Defesa Civil mostram a situação de Ipixuna, no início de fevereiro. (Veja no vídeo acima)

De acordo com a assessoria de imprensa da Defesa Civil, os municípios de Guajará e Ipixuna estão em emergência. A situação de alerta foi decretada em Juruá, Carauari, Envira, Eirunepé e Itamarati (todos da calha do Juruá). Municípios banhados pelo Rio Solimões estão em situação de atenção, são eles: Tabatinga, Benjamin Constant, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Iça, Tonantins e Atalaia do Norte.

Produção Rural  
Segundo o presidente da Faea, Muni Lourenço, produtores rurais que abastecem mercados locais – em áreas próximas aos locais de cultivo – já começam a amargar perdas, principalmente os que cultivam hortaliças e frutas em áreas de várzea.

“As culturas agrícolas que foram tingidas nas calhas do Purus, Juruá e Alto Solimões são culturas agrícolas cultivadas nas várzeas e áreas ribeirinhas, principalmente na área de hortaliças e também fruticultura. Podemos citar o maracujá, mamão… Se persistir essa cheia para todas as calhas dos rios do estado, o que esperamos que não venha a ocorrer, isso pode atingir outras culturas como as fibras, como malva, a juta e até mesmo a pecuária, com os rebanhos de várzea”, afirma o presidente da Faea.

Lourenço diz que a cheia do ano anterior não causou grandes danos para a produção rural. Ele espera que o mesmo ocorra em 2017. “Os prejuízos para o produtor rural ainda não são de grande monta. No entanto, em se permanecendo essa intensidade da subida das águas, isso pode vir a representar prejuízos e perdas significativas. Esperamos que isso não venha a se concretizar”, disse.

Produção de mandioca foi inundada pelo rio em ⁠⁠⁠Guajará no início deste mês (Foto: Divulgação/Defesa Civil)Produção de mandioca foi inundada pelo rio em ⁠⁠⁠Guajará no início deste mês (Foto: Divulgação/Defesa Civil)

O presidente recomenda que produtores antecipem a colheita antes do avanço das águas dos rios. Ele faz, ainda, recomendações para quem possui empréstimos.

Moradores de ⁠⁠⁠Guajará passaram a transportar pertences em canoas após água atingir vias, em fevereiro de 2017 (Foto: Divulgação/Defesa Civil)Moradores de ⁠⁠⁠Guajará transportando pertences
em canoas (Foto: Divulgação/Defesa Civil)

“Procurar principalmente o Idam [Instituto de Desenvolvimento Rural e Florestal Sustentável do Amazonas], que é o órgão de inspeção rural e assistência técnica, para q ele possa emitir laudo confirmando eventuais perdas. Para que, de posse desse laudo, o produtor possa apresentar perante a instituição creditícia com quem tomou recursos para efetuar uma renegociação”, alerta Lourenço.

‘Grande cheia’
Membros Defesa Civil do Amazonas e representantes do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) reuniram-se, no dia 10 de fevereiro, para traçar um plano de ação que deve ser colocado em prática no caso de ocorrer uma “grande cheia” em 2017.  Ajuda humanitária foi enviada para cidades afetadas.

O monitoramento feito pelos dois órgãos demonstra que, embora ainda não seja possível prever a magnitude da enchente, há a possibilidade de uma cheia atípica em 2017. A enchente ocorre, geralmente nos primeiros meses de cada ano.

A intensidade da cheia sofre influência das chuvas. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a intensificação das chuvas no Amazonas tem influência do fenômeno La Ninã, que favorece a formação de nuvens e por consequência o aumento no volume das precipitações.

Calha do Juruá foi a primeira a sentir efeitos da cheia em 2017 (Foto: Divulgação/Defesa Civil)Calha do Juruá foi a primeira a sentir efeitos da cheia em 2017 (Foto: Divulgação/Defesa Civil)