Carícia

527

Uma carícia é qualquer ato de alguém que implique reconhecimento da presença de outrem. Na verdade, tanto o estímulo como a resposta transacional podem ser carícias.

As carícias são classificadas como físicas e psicológicas, sendo cada uma delas de aspecto positivo ou negativo. Ainda existe uma terceira classificação das carícias quanto ao modo em que são oferecidas: condicionais e incondicionais.

A carícia física não necessita de grande explicação porque ela se expressa pelo sentido do tato, através do contato físico entre duas pessoas. Já a carícia psicológica – entretanto – assume muitas formas: a palavra, o gesto, o olhar, o movimento e até o silêncio são carícias psicológicas.

A criança – quando bebê – exige carícias físicas com grande frequência e intensidade, e ao que parece a necessidade de carícias não é algo exclusivo dos seres humanos. Entre os animais a necessidade de dar e receber carícias são vitais para o desenvolvimento sadio do indivíduo de cada espécie. À medida que a criança cresce vai aumentando a necessidade de carícia psicológica. Quanto mais desenvolvida a pessoa se torna, mais complexa e sofisticada se torna a necessidade de carícias psicológicas, embora não desapareça a necessidade de carícia física.

As carícias físicas ou psicológicas que têm significado de algum tipo de recompensa ou prêmio são as positivas; e as negativas, evidentemente, são as que atingem as pessoas como punição.

Qualquer uma delas pode ser dada de forma condicional ou incondicional. A carícia incondicional é aquela que uma pessoa dá para outra, não importando a condição de ser merecida ou não. O que importa na carícia incondicional é o que a outra pessoa É, não levando em consideração o que ela FAÇA. É típica da mãe que protege e perdoa o (a) filho (a) por tudo o que faça, só porque é seu filho (a); ou ao contrário, quando o (a) filho (a) aceita tudo só porque é sua mãe.

As carícias positivas são – em condições normais – as mais adequadas e desejáveis. No entanto, é muito frequente que as pessoas procurem situações em que venham a obter carícias negativas, porque vem reforçar a expectativa de vida que essas pessoas compulsivamente têm sobre o comportamento dos outros em relação a elas.

As carícias são negativas por terem aspecto agressivo ou de lástima. As agressivas podem der dadas pelo Pai Crítico (“Você é um estúpido”, “Não seja chato”,” Você diz cada absurdo”); e as de lástima pelo Pai Nutritivo (“Pobrezinho, deixe que eu te ajude”, “Muito cuidado com isso porque você ainda é muito pequeno”, “Você sentiu uma falta terrível da mamãe, não foi?”).

A necessidade de carícias é tão grande no ser humano que as pessoas preferem receber carícias negativas a simplesmente não receber carícia nenhuma.

Um tipo de carícia muito comum – e somente poucas pessoas percebem – que são simples e superficiais servindo apenas para manter abertos os canais de comunicação. São denominadas de carícias de manutenção permitindo a continuação do contato entre as pessoas. Elas são positivas e caracterizam os famosos “bate-papos” porque deixam implícito que quem as dá e quem as recebe reconhecem a presença uma das outras.

*Carlos Magno Perin é PhD em Terapia Cognitiva Comportamental e Inteligência Emocional.