Eleito no conclave, o novo pontífice sucede Francisco

247 – A fumaça branca surgiu no céu de Roma pouco depois das 13h (horário de Brasília) desta quinta-feira (8) e, pouco depois, a histórica sacada da Basílica de São Pedro foi ocupada pelo Cardeal Protodiácono, Dominique Mamberti, que anunciou ao mundo: “Habemus Papam!”. O novo líder da Igreja Católica é o cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, escolhido pelos seus pares no conclave iniciado na quarta-feira (7), após a morte do papa Francisco.
A eleição marca o início de um novo capítulo para os mais de 1,3 bilhão de católicos em todo o mundo. O novo papa, que adotará o nome pontifício de Leão XIV, apareceu diante da multidão reunida na Praça de São Pedro e concedeu sua primeira bênção apostólica, a tradicional Urbi et Orbi.
Conclave e eleição – O processo de escolha, realizado sob o mais estrito sigilo, seguiu as regras milenares da Igreja. Com a Sé Apostólica vacante, os cardeais com menos de 80 anos se reuniram na Capela Sistina, no Vaticano, onde permaneceram isolados do mundo externo, sem acesso a celulares ou meios de comunicação.
As votações, em escrutínio secreto, seguiram um rígido ritual. Em cada rodada, os cardeais escreveram em suas cédulas a frase “Eligo in Summum Pontificem”, seguida do nome do escolhido. Para ser eleito, o candidato precisava alcançar dois terços dos votos dos presentes. A eleição do cardeal Robert Francis Prevost foi confirmada após uma das rodadas decisivas.
Três grupos de cardeais — os escrutinadores, os infirmarii e os revisores — garantiram a lisura de todo o processo, desde a contagem dos votos até o atendimento aos eleitores enfermos.
Sucessão de Francisco – O novo papa sucede Francisco, cujo pontificado foi marcado por uma forte ênfase na inclusão, na defesa dos pobres e no combate aos abusos dentro da Igreja. Francisco faleceu recentemente, gerando comoção mundial e dando início ao processo de luto e à organização do Conclave.
Durante a Sé Vacante, o governo da Igreja foi conduzido pelo Colégio dos Cardeais, com poderes limitados. Coube ao Camerlengo confirmar a morte de Francisco, organizar o funeral e supervisionar a preparação para a eleição do novo pontífice.
Robert Prevost, agora papa Leão XIV, tem trajetória marcada pela atuação missionária e polêmica em investigações de abuso. Novo líder da Igreja Católica é visto como progressista, mas enfrenta acusações de encobrir abusos sexuais

247 – O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost foi eleito nesta quinta-feira (8) como sucessor do papa Francisco à frente da Igreja Católica. Conhecido como o “pastor de duas pátrias” por sua trajetória missionária no Peru durante os anos 1980, Prevost é fluente em espanhol e tem um profundo entendimento da Igreja na América Latina, o que o torna uma figura de destaque na Igreja. Considerado próximo de Francisco, o novo papa ocupava até então o cargo de prefeito do Dicastério para os Bispos, uma posição estratégica que lhe permitiu conhecer a fundo a estrutura e os processos de nomeação de bispos ao redor do mundo. Ele também é visto como um “moderado” dentro da Igreja, o que o torna uma figura equilibrada, mas também suscetível a críticas sobre sua condução em casos delicados.
Analistas indicam que, embora seja considerado um moderado, Prevost representa uma vertente progressista da Igreja nos Estados Unidos, mais alinhada aos movimentos carismáticos e com uma sensibilidade maior em relação a questões sociais como imigração e justiça social. Sua formação na Ordem dos Agostinianos é vista como um ponto positivo, pois traz uma dimensão tanto contemplativa quanto missionária à sua liderança. No entanto, sua trajetória também é marcada por polêmicas relacionadas à sua atuação em investigações sobre casos de abuso sexual na Igreja.
Robert Prevost nasceu em Chicago, em uma família de origem francesa, e foi missionário no Peru entre 1985 e 1999. Durante esse período, desenvolveu uma conexão profunda com a Igreja Católica na América Latina, o que lhe conferiu uma perspectiva única. Após retornar a Chicago, ele se tornou prior da Ordem de Santo Agostinho, cargo que ocupou até 2013, quando voltou ao Peru para assumir a função de bispo de Ciclayo. Em 2023, foi chamado pelo papa Francisco para assumir a posição de prefeito do Dicastério para os Bispos e também a presidência da Pontifícia Comissão para a América Latina.
Como prefeito dos bispos, Prevost foi responsável pela nomeação de centenas de prelados, moldando uma geração de religiosos mais abertos e progressistas, de acordo com os princípios do papa Francisco. No entanto, apesar dessa imagem de equilíbrio e serenidade, o cardeal enfrentou sérias acusações. Ele foi denunciado por encobrir abusos sexuais cometidos por padres tanto em Chicago quanto no Peru.
No ano passado, Prevost e seu sucessor em Chicago, Blaise Cupich (também progressista e cogitado como candidato papal), foram acusados de não terem tomado medidas adequadas durante as décadas de 1980 e 1990 contra dois agostinianos que mais tarde foram condenados por abuso sexual. Além disso, no Peru, Prevost foi alvo de acusações de ter encoberto um caso em que três religiosas afirmam ter sido vítimas de abuso sexual por parte de dois padres.