Declaração do presidente da ABDI reforça crítica ao projeto de arrocho defendido pelo financista

“Claro, e você topa viver esses 6 anos com este salário mínimo? A elite brasileira perdeu a vergonha de vez. Resolveu assumir sem nenhum pudor sua origem escravocrata. O desespero desses parasitas do mercado financeiro é que @LulaOficial vai ganhar DE NOVO”, escreveu Cappelli em publicação feita no X (antigo Twitter).
A manifestação do presidente da ABDI vai além da crítica econômica: denuncia o que considera ser uma postura histórica e ideológica das elites brasileiras, que se mostram dispostas a impor sacrifícios aos mais pobres enquanto preservam os privilégios de uma minoria que vive do rentismo. O uso do termo “parasitas do mercado financeiro” escancara o grau de indignação diante de uma proposta que, na prática, congela o poder de compra de trabalhadores, aposentados e pensionistas, atingindo diretamente a base da pirâmide social.
A fala de Armínio Fraga — um dos homens mais ricos do país, com patrimônio bilionário e ex-presidente do Banco Central durante o governo Fernando Henrique Cardoso — foi divulgada pelo UOL Economia. Segundo ele, o salário mínimo “não é uma boa política pública” e deveria ser corrigido apenas pela inflação por seis anos. Fraga sugeriu que os recursos economizados fossem redirecionados a transferências diretas e serviços públicos.
A declaração revela uma concepção de país baseada na contenção de direitos sociais e na manutenção da concentração de renda. Ao rebater com veemência essa proposta, Ricardo Cappelli expressa um contraponto dentro do governo Lula: o de que o desenvolvimento industrial e social exige inclusão, valorização do trabalho e enfrentamento dos privilégios históricos das elites financeiras.