“Ninguém minimamente razoável concorda com esse absurdo que está acontecendo. É tudo uma conspiração da família”, disse o presidente da ABDI

247 – O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, vê a aliança do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como um erro político que pode beneficiar a coalizão que reelegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, Cappelli argumenta que a imposição de tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros é motivada por interesses ideológicos e que a atuação de Bolsonaro “03” contribui para o isolamento da extrema-direita no Brasil.
“Do ponto de vista da negociação, o que ele [Trump] coloca naquela carta? Não tem nada comercial. Eles botaram na mesa uma questão político-ideológica”, afirmou Cappelli, que foi interventor federal no Distrito Federal após os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. Filiado ao PSB, ele se prepara para disputar o governo do Distrito Federal em 2026.
“Acho que eles estão cometendo um erro grave ao querer transformar o Brasil em refém dos anseios políticos, das ambições políticas da família. É muito fora de padrão, né?”, ressaltou em referência às exigências de Bolsonaro e seus aliados por uma anistia aos golpistas, incluindo ele próprio.
Ao comentar o estilo beligerante do parlamentar, o presidente da ABDI foi ainda mais incisivo ao afirmar que “ele lembra aqueles terroristas, sequestradores, que ficam falando coisas de bandido.” O presidente da ABDI também dirigiu críticas ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por seu alinhamento automático com o bolsonarismo, mesmo diante de medidas que ameaçam diretamente o setor industrial paulista.“Ele tem que lembrar que é governador do principal estado do Brasil que concentra a maior parte das indústrias brasileiras. Quer dizer, ele não pode se comportar como assessor de luxo da família”, declarou.
Sobre os impactos do tarifaço anunciado por Trump, Cappelli defende prudência e aguarda o início oficial da medida, previsto para a próxima sexta-feira (1º). Ele lembra que o mandatário estadunidense costuma agir com imposições duras para depois recuar em negociações.
Ainda conforme a reportagem, Cappelli antecipou que o conselho de administração da ABDI se reunirá em agosto e que a agência está pronta para se adaptar ao novo cenário. “A agência é um instrumento da política industrial brasileira. Então, à luz do que acontecer, se for necessário rever todo o plano da agência, nós estamos aqui inteiramente abertos e dispostos a ajudar a indústria nacional e o governo.”