Historicamente, no Brasil, até meados da década de 1950 acreditava-se no mito da democracia racial, uma teoria falsa de que no país não havia preconceito étnico. Após o desmoronamento dessa ideia, outras foram surgindo de maneira menos clara, todavia, dando a tônica da nossa convivência pseudo democrática e harmônica.
Tínhamos e ainda temos muitas ideias e práticas preconceituosas, para se descriminar um grupo ou uma pessoa não é necessário proferir um insulto, pois, um gesto ou uma expressão também pode ser reveladora. Os movimentos organizados de contestação ao preconceito e de luta pela igualdade já são muitos pelo país, como o negro, indígena, feminista, entre outros. Entretanto, há ainda muitos outros grupos que passam por situações vexatórias e discriminatórias, tais como, os obesos, os deficientes, os idosos, os hippies etc.
Desse modo, nos vem a pergunta: seria o Brasil um país de todos? Certamente avançamos em vários aspectos, por outro lado, temos muito que caminhar. A noção de alteridade, isto é, de “se colocar no lugar do outro” deve ser adotada como um princípio de vida e de prática social, pois, colocar-se no lugar daquele que é diferente de você implica não somente em aceitá-lo, mas também, em dialogar e conviver com ele em igualdade.
O ser humano, de maneira geral, tem o hábito, quase que por natureza, de julgar, hábito esse, instigado ainda mais em sociedade: por que nos incomodamos tanto com as escolhas dos outros? Por que impomos nossas escolhas e gostos como um padrão que todos devem seguir? O processo de conscientização e de diálogo com as diferenças se inicia na escola, aspecto esse que também estamos distantes. Ou alguém dúvida que no espaço escolar é um dos locais em que mais ocorrem atitudes preconceituosas e adjetivos pouco lisonjeiros de colega para colega, de professor para aluno ou de aluno para professor?
Na escola, na família, na Igreja, todos somos responsáveis por ensinar e também aprender com a alteridade, pois, uma sociedade em que as pessoas aceitam e convivem as diferenças significa também uma sociedade com menos leis e processos. Isso explica, certamente, porque no Brasil a cada mês surge uma Lei específica ou emendas a Leis já existentes para tentar coibir e punir práticas e opiniões preconceituosas e excludentes.
Vamos olhar menos para o nosso umbigo e mais para o “outro”, que nossas diferenças sejam vistas como algo positivo e não como um fardo.