De acordo com a Alzheimer Association (ADI), a cada quatro segundos uma pessoa é diagnosticada com algum tipo de demência. Alzheimer, o mais frequente, terá seu número de casos dobrado a cada 20 anos, atingindo mais de 65,7 milhões até 2030 – conforme divulgado por pesquisa do órgão, em 2012. Atualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), há 35,5 milhões de indivíduos com manifestações.
Atendendo à demanda das entidades internacionais, também em 2012, o Ministério da Saúde assinou a Portaria 703, instituindo ao Sistema Único de Saúde (SUS) o Programa de Assistência aos Portadores da Doença Alzheimer. O objetivo, por meio de Centros de Referência em Assistência à Saúde do Idoso, é garantir atendimento hospitalar e diagnóstico; visita domiciliar de profissionais da saúde; tratamento acompanhado por equipe multidisciplinar; orientação e treinamento de familiares; e medicação gratuita.
Todavia, o Coordenador do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva da Academia Brasileira de Neurologia, Norberto Anízio Ferreira Frota, alega que não é isso o que acontece: “o programa, hoje, está muito focado em fornecer remédios (rivastigmina, donepezil e galantamina), deixando de lado os outros suportes, principalmente o multidisciplinar e a atenção aos familiares, cuja função primordial é diminuir o estresse do paciente e do cuidador”.
Novas medidas governamentais poderiam melhorar a qualidade de vida do paciente. Como prioridade, dr. Norberto elege a qualificação de profissionais de atenção básica, tanto para atentarem-se aos primeiros sintomas e providenciar um diagnóstico precoce, quanto para tratar adequadamente os que enfrentam as fases mais graves.
A conscientização também deve ser realizada em diversos setores da sociedade para que a população saiba reconhecer os principais sinais e as formas de prevenção – como controle de hipertensão, diabetes, não fumar, manter atividade física e intelectual ativa, exposição solar, ter vida social e praticar atividade física.
“Se não adotarmos estratégias para reduzir as incidências e mostrar que os hábitos para prevenção são aplicáveis não só ao idoso, mas na meia idade, a partir dos 40 anos, os números tendem a se multiplicar, graças ao envelhecimento populacional. A cultura precisa mudar, com a conscientização e incentivo do sistema público. Se o governo não entender o impacto econômico e social que a Doença de Alzheimer gera, sofreremos muito nos próximos anos”, conclui o coordenador do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da ABN.
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