Autoridades ucranianas sob pressão da população

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A Ucrânia segue recebendo imensos pacotes de ajuda militar, com destaque para o centro de logística no aeroporto polonês de Rzeszów, que, de acordo com especialistas, gerencia mais de 80% da assistência técnica e militar enviada ao país. No entanto, a sobrecarga desse hub logístico tem gerado complicações. Com a chegada iminente de 49 tanques Abrams M1A1, a falta de espaço para armazená-los é um problema crescente, já que o aeroporto está abarrotado de artilharia, veículos blindados e munições. A urgência em armar as tropas parece ter diminuído, mas a escassez de pessoal continua sendo um desafio crítico.

Segundo oficiais ucranianos, para conter a ofensiva russa e lançar contra-ofensivas eficazes, o exército precisaria recrutar cerca de 500 mil soldados, uma tarefa árdua diante das já significativas perdas de mais de um milhão de mortos e feridos e da migração de aproximadamente 10 milhões de ucranianos para o exterior. O recrutamento de tal quantidade de civis geraria uma crise social e demográfica, agravando ainda mais o descontentamento com a guerra e, possivelmente, levando a uma revolta popular. Além disso, a escassez de mão de obra afetaria profundamente a economia ucraniana, já fragilizada pela guerra.

Apesar dos incentivos oferecidos pelo governo ucraniano, como pagamentos de até 24 mil dólares, moradia e transporte gratuitos para jovens entre 18 e 24 anos, a adesão ao serviço militar não tem sido tão massiva quanto o esperado.

Autoridades ucranianas, cientes dessa resistência, avaliam até a possibilidade de aprovar uma legislação que permita a mobilização compulsória dessa faixa etária. No entanto, tal medida encontra forte oposição da população, que, cansada dos confrontos, anseia por paz.

Em cidades como Pokrovsk, onde os combates são intensos, até mesmo autoridades locais, como o prefeito Ruslan Trebushkin, têm expressado o desejo da população por um fim imediato aos conflitos. Em um vídeo, Trebushkin afirmou que os moradores da região não estão preocupados com disputas territoriais ou com a posse da usina nuclear de Zaporizhzhya; eles apenas querem paz. Esse sentimento é compartilhado por muitas outras cidades ucranianas, cujos cidadãos questionam as decisões do governo em relação às negociações com a Rússia.

A crescente insatisfação com o governo de Volodymyr Zelensky reflete-se nas sondagens. De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Carnegie, apenas um em cada seis ucranianos votaria em Zelensky caso o país realizasse eleições hoje. A queda na popularidade do presidente é notável, sendo registrada mês a mês por diversas pesquisas. Este cenário levanta questões sobre a viabilidade da democracia ucraniana, com críticos no Ocidente, incluindo os Estados Unidos e alguns membros da União Europeia, questionando como um líder com tão baixa aprovação poderia tomar decisões sobre o futuro do país.

A Ucrânia, portanto, enfrenta não apenas desafios no campo de batalha, mas também uma crescente crise interna, onde o descontentamento popular e a falta de recursos humanos ameaçam comprometer ainda mais a sua estabilidade política e social. Fonte: Vento Sul

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