‘Eu sabia que queria fazer, mas não como ia acontecer’, disse Patrick Nogueira ao responder perguntas feitas pela defesa dele. Assassino confesso negou-se a responder à acusação
Chacina de Pioz: Julgamento do brasileiro Patrick Nogueira começou, na Espanha; ele é réu confesso do assassinato da própria família na Espanha, em 2016 — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução
François Patrick Nogueira Gouveia, assassino confesso dos tios e primos pequenos na cidade de Pioz, na Espanha, contou como matou a própria família, em julgamento iniciado nesta quarta-feira (24). “Eu sabia que queria fazer, mas não como ia acontecer”, afirmou o réu.
De acordo com a emissora de TV espanhola Antena 3, Patrick decidiu não responder às perguntas da acusação e do Ministério Público espanhol e se limitou a responder apenas à sua própria defesa.
Patrick Nogueira está preso na Espanha desde outubro de 2016, quando se entregou às autoridades espanholas e confessou ter matado os tios e dois primos, de 1 e 4 anos de idade, em um chalé na pequena cidade de Pioz em agosto de 2016.
Primeiro dia de julgamento de Patrick Nogueira, acusado de chacina de tios e primos, na Espanha — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco
O julgamento do réu, que tem 21 anos, acontece em Guadalajara, dois anos e cinco dias depois da prisão dele, e vai até o dia 31 de outubro, data para leitura do veredicto. Mais de 30 pessoas vão ser ouvidas. As sessões do julgamento acontecem pela manhã e à tarde e, segundo o tio de Patrick, Walfran Campos, vão ser totalmente digitais, sem uso de papel.
Patrick começou seu depoimento explicando que só iria responder às perguntas de sua advogada, Bárbara Royo, e, segundo a agência AFP, pediu perdão à sua família e à família da esposa de seu tio pelo crime, assegurando que gostaria de ter evitado.
“Queria ter evitado tudo isso (…) não escolhi funcionar da maneira como funciono”, disse o jovem no julgamento.
Chacina de Pioz: assassino confesso de família brasileira vai a júri na Espanha
Patrick relata bullying e alcoolismo
A emissora de TV Antena 3 explica que Patrick foi perguntado pela advogada sobre problemas envolvendo o consumo de álcool. O réu reconheceu que teve uma infância difícil, que foi intimidado e provocado por colegas de classe, na escola, e que desde os 10 anos de idade começou a beber, a ponto de se considerar um viciado em álcool.
Durante a declaração, Patrick falou que “se defendia de forma violenta” do bullying e da perseguição dos colegas de classe e que, por causa do álcool, viu “sombras” e “imagens distorcidas da realidade”.
“Os sentimentos vêm e não sei como controlá-los”, falou.
Marcos Nogueira, Janaína Américo e os dois filhos do casal foram mortos por Patrick Nogueira na Espanha — Foto: Reprodução/Facebook/Janaina Diniz Diniz
Detalhes do assassinato da família
Pela primeira vez após a prisão, Patrick detalhou como aconteceu a morte de Janaína Diniz e de Marcos Nogueira. Tanto no depoimento à polícia quanto na reconstituição do crime, o réu explicou que não lembrava como tinha acontecido o crime.
No depoimento dado nesta quarta-feira, Patrick Nogueira disse que se sentiu como em 2013, quando, aos 16 anos, ele esfaqueou um professor dentro da escola, em Altamira, no Pará. O jovem explicou que antes dos dois crimes, a sensação era de que “algo ia acontecer”.
Ao detalhar a morte de Janaína, Patrick explicou que depois de comer pizzas que ele mesmo levou para a casa dos tios, na hora em que eles iam lavar os pratos, ele ficou com raiva e correu na direção dela. Segundo o jovem, a tia o mordeu na mão e foi quando ele a esfaqueou.
Sobre a morte de Marcos, o réu comentou que após eles discutirem verbalmente, ambos entraram em luta corporal e que, uma vez que Marcos estava no chão, ele o golpeou para se defender.
Ainda de acordo com a Antena 3, para o Ministério Público e para a acusação, o depoimento de Patrick pareceu “dirigido” e tem contradições com as declarações já feitas por ele à polícia e à Justiça.
O tio de Patrick e irmão de Marcos Nogueira, pai da família assassinada, se diz aliviado por finalmente começar a colocar um ponto final na parte espanhola da história, tendo em vista que, em João Pessoa, Marvin Henriques Correia responde ao crime de partícipe na morte de Marcos, por ter dado dicas e mantido conversa pelo WhatsApp com Patrick antes dele matar o próprio tio, inclusive de ter incentivado e alertado sobre pistas.
O assassino confesso brinca com o amigo sobre a morte do tio, Marcos Campos Nogueira — Foto: Reprodução/Polícia Civil da Paraíba
Acusação de quádruplo homicídio
François Patrick Nogueira Gouveia é acusado de matar na Espanha a golpes de faca seu tio Marcos Nogueira, a esposa Janaína Diniz, e seus dois primos de 1 e 4 anos na época. Após matar, Patrick esquartejou suas vítimas e colocou em sacos plásticos vedados com fita adesiva. Pelo crime, Patrick Nogueira pode pegar a pena máxima reajustada na Espanha, a prisão permanente revisável, que funciona como prisão perpétua, reavaliada a cada 30 anos.
Defesa aponta dano neurológico
A defesa de Patrick Gouveia contratou um médico que apresentou laudo neurológico em que foram detectados distúrbios e anomalias no lado direito do lóbulo temporal anterior. O dano neurológico encontrado em Patrick Gouveia, detectado por exames de imagem conforme laudo, indicam que ele teria uma alteração na avaliação correta das situações, de forma a emitir respostas proporcionais aos fatos. Por Diogo Almeida, G1 PB
Perícia neurológica de imagens apontou anomalias em área do cérebro de Patrick Gouveia — Foto: Reprodução.