Asmáticos podem se tranquilizar quanto a maior risco de Covid-19, mas precisam estar atentos ao tratamento adequado

238

Estudos sugerem que a asma não é fator de risco. Especialista explica diferença dos sintomas nas crianças e alerta para o tempo seco, mais propício à doença

Pesquisa publicada na revista científica “Annals of the American Thoracic Society”, aponta que a asma não é um fator de risco para quadros graves de Covid-19. Segundo os cientistas, uma revisão de estudos internacionais mostra um número baixo de asmáticos entre os pacientes hospitalizados com coronavírus. Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) também avaliou a relação entre o diagnóstico prévio de asma e o desenvolvimento do coronavírus através dos antecedentes médicos de 161.271 pacientes e percebeu que somente 1,6% dos pacientes tinham diagnóstico prévio de asma. Os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Global Asthma Report apontam que 4,4% da população mundial têm diagnóstico de asma, que é uma doença inflamatória crônica que acomete os brônquios e resulta em crises de tosse e falta de ar. E 21 de junho foi escolhido como o Dia Nacional de Controle da Asma. Com o resultado dos estudos, os asmáticos podem ficar mais tranquilos em relação ao coronavírus, mas devem seguir se cuidando. “Nesse um ano de pandemia percebi redução na procura de continuidade do tratamento, o que causa preocupação”, alerta a pneumologista pediátrica Patrícia García-Zapata (CRM 19431).

Ela explica que a asma geralmente inicia na infância e não tem cura, apenas tratamento, que é feito com um pneumologista, o qual prescreve as medicações. “O acompanhamento habitualmente  tem que ser a cada três meses, até para ajustar a dosagem dos remédios ”, afirma a médica, que atende no Tumi Espaço Clínico, no Órion Complex, em Goiânia. Patrícia revela quais sintomas em relação à doença os pais devem observar nos filhos. “Tosse prolongada, tosse seca, chiado no peito, quando a criança cansa rápido durante atividades físicas, cansaço ou tosse após gargalhadas, tosse ou dor no peito quando está dormindo, podendo causar despertar noturno”, detalha.

Covid é diferente
Quanto ao coronavírus, a especialista ressalta que a tosse é o principal sintoma em comum com a asma nas crianças. “Em uma crise é diferente e a forma de apresentação é distinta, principalmente nas crianças, que na Covid-19 apresentam mais coriza, diarréia e dor abdominal”, explica a pneumologista pediátrica, detalhando que, no geral, o diagnóstico de asma se dá em torno dos seis anos, pois antes disso outros fatores podem desencadear os sintomas. “Vale destacar também que existe uma diferença de apresentação dos sintomas e da intensidade em que eles se apresentam, podendo variar entre adultos e crianças”, conta.Patrícia García-Zapata também esclarece uma dúvida que as pessoas têm sobre a distinção da asma com a bronquite. “A bronquite é a inflamação das vias aéreas pulmonares, o que pode ocorrer em várias doenças. Quando se fala em bronquite alérgica ou bronquite asmática é o mesmo que asma”, salienta. A médica chama a atenção para as medicações que são ministradas por spray inalatório, erroneamente chamados de bombinhas. “Esse não é um bom termo, gera pânico na família, o que não é necessário. O remédio em spray é apenas para tirar o asmático da crise ou para tratamento desinflamando a via aérea”, ressalta.

O tempo seco desta época do ano, nas estações de outono e inverno, também contribui para o agravamento dos sintomas. “Neste período temos uma maior circulação de vírus e quando está mais frio, ficamos em ambientes mais fechados, assim os fatores desencadeadores como poeira, pelos de animais e ácaros, ficam mais evidentes. Além disso, muitos pacientes têm gatilho, com a mudança do tempo os sintomas aparecem”, ressalta a especialista. Por Raquel Pinho e equipe da Comunicação sem fronteiras