Antônio Pereira de Manaus: uma alma cantadora

396

“A musicalidade vem do coração”
Em bate-papo informal com alguns profissionais da imprensa e amantes da boa música na noite de sexta-feira, dia 29 de abril, no Espaço Júlia, em sua quarta visita a Teixeira de Freitas, Antônio Pereira, que se intitula ‘musicador’ e cantador, deu uma pequena amostra das ideologias que permeiam seu fazer artístico, o qual expressa aquilo que traz no coração.
Antônio Pereira, que é de Manaus, começou a aprender tocar violão tardiamente, como considera: “Já fui retardatário… foi bem tarde. Comecei a aprender tocar violão aos 20 anos de idade”, e, desde então, vem se aperfeiçoando com a prática – seu talento nato fica evidente ao vê-lo tocar.
Antônio Pereira não é um artista da moda, porque não faz questão de sê-lo, posto que, atualmente, “a grande mídia está uma podridão. Quase não se ouve nada que preste. Os grandes artistas estão por trás. Você liga o rádio e não ouve nada de qualidade, infelizmente”. Seu trabalho é composto por canções de qualidade, sejam elas de que lugar for, inclusive, de fora do país. “Temos um trabalho de pesquisa dentro da região. A música não tem fronteira. Música boa não tem fronteiras, música boa que venha de qualquer lado, inclusive, de fora do Brasil”. Entretanto, conta que gosta de pesquisar artistas brasileiros que estão fora dos holofotes, os quais costumam ser de boa qualidade. “Meu trabalho é buscar essas canções e cantá-las”, no que se define como um musicador.
Não ser modinha faz do trabalho de Antônio atemporal, e, assim, tanto em 2000, quando, a convite do luthier Gilberto Guimarães veio a Teixeira pela primeira vez, quanto 16 anos depois, em sua quarta visita, ele seja sucesso entre aqueles que apreciam música de qualidade. Sobre quem permitiu que os teixeirenses conhecessem seu primoroso trabalho, ele relata: “Gilberto Guimarães é um amante da música, um artista por natureza, porque é um luthier, um cara que gosta de música e um compositor. Ele compõe coisas muito legais. E ele conheceu meu trabalho através do programa Amazon site. Quem tem parabólica pega. É via satélite. Ele viu e gostou muito. Aí como colocaram meu telefone, ele imediatamente me ligou. Em 1998. Em 2000 ele me chamou para vir. É a quarta vez que venho aqui”.
Nestas vezes em que veio ao município, lidou com pessoas que construíram as melhoras impressões possíveis. “Teixeira de Freitas é uma cidade muito próspera, muito bonita e o pouco tempo que passo aqui sempre sou bem tratado por todas as pessoas. Aprendi amar Teixeira de Freitas com toda certeza.”
Amante confesso da música mineira, o manauense afirma que sua música é fruto de sua sensibilidade musical – “Se ouço uma coisa que me faz bem, procuro ficar perto daquilo” –, a qual absorve o melhor das influências de qualidade por todo o Brasil. Ele acredita que sua cidade-natal não possui um ritmo específico, “folclórico”, que a definiria e, quiçá, seria marcante em seu trabalho. Para explicar, pontua aspectos históricos que fazem com que Manaus não tenha uma linha melódica específica, mas, sim, seja “uma mistura”, uma “coisa muito cosmopolita”, “com influências mil”.
Por fim, Antônio Pereira de Manaus diferencia cantor e cantador – o que ele diz ser. “Cantador, ele canta de dentro para fora. O cantor, muitas vezes canta, o que as pessoas querem ouvir. Ele nem sempre está sentindo aquilo. Muitas vezes, está com uma radiola de ficha: ‘olha, toca essa música’; e ele toca. O cantador não”.
Como cantador, ele afirma primar por cantar com o coração, porque, acredita que “a musicalidade vem do coração”. Seu segredo, indubitavelmente, é deixar sua alma exposta em cada acorde e verso. Por Jornal Alerta.